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Eu particularmente considero difícil fazer um bom texto nostálgico. Deve ser a quinta vez que começo um novo texto. Acho que a maior dificuldade deve-se ao fato de que é muito difícil resumir um ano das nossas vidas em um único texto. Somos muito maiores do que qualquer texto ou imagem possa expressar. 
Em 365 dias certamente muitas coisas aconteceram com cada um de nós obrigando-nos a sermos pessoas diferentes da que éramos a exatamente um ano atrás. Perdemos muitas batalhas, choramos duras lágrimas repletas de orgulho, forçamos alguns sorrisos, achamos que nada mais valia a pena nesse mundo frio e egoísta. Mas então, alguma coisa acontecia com os poderosos do destino e voltávamos a acreditar. 
Sentíamos mais fortes, mais corajosos, espertos, capazes, valentes o suficiente para superar todos e qualquer obstáculo que pudesse estar no nosso caminho. Por que é disso que se trata a vida, e consequentemente os anos: altos e baixos. 
O tempo todo estamos cercados de coisas que acontecem, atitudes que tomamos e principalmente aquelas atitudes que deixamos de tomar. Tudo o que fazemos torna-se um acumulado e no final do ano pensamos "eu realmente fiz algo bom?" "eu fui uma boa pessoa?" "meu ano foi um ano bom?" e a principal pergunta: "O que eu devo esperar do meu próximo ano?" 
Acho que você não deve esperar nada de fato, nossa vidas são muito maiores do que realizações singulares, a vida é feita das pequenas coisas do dia a dia, aquelas coisas que geralmente não nos preocupamos por considerarmos banais demais sendo que na verdade são essas que importam mais. Realizações não teriam importância se não fosse um conjunto de atitudes tomadas durante um ano. 
A maior lição que se pode tirar de um ano que passou é saber se você realmente viveu, se você realmente fez valer a pena sua existência e para isso, você não precisa ter muito dinheiro na sua conta bancaria ou vários amigos no Facebook. Tudo o que você precisa é ser você mesmo e ter certeza de tudo o que você faz, por que o que importa mesmo são as pequenas coisas. Não tenha medo de perder, desde que você perca com o coração. 


Feliz 2014
Beijos
S.S Sarfati


É quase 2014 e o que foi que você fez? Não importa se 2013 foi bom ou ruim, mas você fez alguma coisa? Você sorriu para valer ou se afogou em lágrimas? Por que quando chega no dia 31/12 não faz mais diferença se você fez algo ou não, o que realmente faz alguma diferença é se você fez algo. 
Todos os anos aparecem milhares de imagens como essa. Ano passado lembro-me de ter viso uma igualzinha com 2012-2013, uau como passou rápido. 
Muitas pessoas acham que 2014, simplesmente por ser 2014, vai ser um ano melhor sendo que a verdade é que se não formos pessoas melhores, ou ao menos diferentes, 2014 vai ser um ano exatamente como 2013. E eu não sei por que mas sinto que várias pessoas querem que 2014 seja um ano diferente. 
O mais importante para entrar em um ano novo é não se deixar contaminar pelas coisas ruins do ano anterior. 

Beijos
S.S Sarfati


Um dia você acorda e percebe que cresceu. Percebe que o que está te fazendo levantar cedo naquele dia chuvoso é o mundo adulto e não a vontade de ver os desenhos da manhã enrolado no cobertor. Nesse mesmo dia você que suas bonecas não ganham vida enquanto você dorme e nem que sua carta de Hogwarts vá chegar de fato um dia. 
Você para de torcer para os casais da televisão e começa a pensar em faculdade e em como vai pagá-la. Como e onde vai morar e quem serão de fato seus amigos. Mais um pouco de tempo passa e você se depara com alguém que você não é capaz de se imaginar longe. 
Um dia você é o responsável pela vida de outro ser humano. Você deve ensiná-lo a falar, andar, usar o troninho e acaba se lembrando dos seus tempos de 'The Sims': era uma droga quando o bebê já vinha com um dos traços definidos, não era? 
O bebê cresce e vira gente. Essa gente que saiu de você começa a pensar por si só e te dar trabalho. Um dia aparece com uma tatuagem e te arrepia os cabelos fazendo pensar onde poderia ter dado errado. Em uma manhã de Domingo o bebê sai de casa. Vários Domingos depois esse bebê tem um bebê. Você gosta e cuida, mas sem o medo que tinha quando cuidou do seu bebê. Você sabe que não tem mais o que errar: você está velho e não viu o tempo passar, sempre ocupado demais admirando os dias que ainda não tinham chegado.

Beijos
S.S Sarfati


Algumas pessoas desistiram de acreditar na bondade humana, outras decidiram apenas ignorar o fato de que nós temos coisas boas e ruins dentro de nós e que podemos escolher qual lado dar mais destaque. É tudo bem simples. 
Talvez isso te surpreenda um pouco, mas as pessoas ainda são boas. Elas dividem, elas celebram, elas querem paz, família e coisas boas. A única coisa triste de tudo isso é que só lembram disso uma noite por ano: a de natal.
Quando você é uma pequena criança, doce, inocente, sonhadora e apenas capaz de desejar coisas boas as outras pessoas, o Natal parece sem igual, uma data mágica onde sonhos podem se realizar. A medida que o tempo passa, que nós crescemos, nós paramos de sonhar tanto e focamos apenas na realidade. E não é culpa nossa, enquanto envelhecemos a vida nos obriga a sermos mais realistas para sobreviver. Não há nada de errado nisso, só devemos saber aonde é o limite entre uma coisa e outra. 
Não há mal nenhum em sonhar sonhos impossíveis ou acreditar em tolices. O único mal de tudo isso é acreditar nisso uma noite ao ano. É muito precioso para desperdiçarmos eu entendo, mas é muito precioso para não querermos dividir. 
E são esses pequenos gestos de doçura humana que são conhecidos como verdadeiros milagres de Natal. É falar com alguém que você não sabia que ainda era seu amigo, é descobrir coisas que você não sabia sobre si, é entender que mais do que para se divertir, Natal é uma data onde nós celebramos o verdadeiro amor. 
E é curioso como as coisas podem vir as avessas nessa data tão especial: pode ter um apagão e você ficar sem luz na noite de natal, a ceia pode ter queimado ou você pode estar se sentindo sozinho e miserável ou você pode estar cercado de coisas e pessoas que não significam nada para você e mesmo assim é necessário que você force um sorriso e diga que está tudo bem. E então a mágica do Natal acontece bem diante dos nossos olhos: você descobre a beleza de uma ceia iluminada pela luz de emergência, lembra como é bom comer um bom pedaço de pizza Marguerita, se vê extremamente feliz revendo filmes que você nem lembrava que já tinha assistido antes ou vê um sorriso e decide que ele vai ser a razão da sua vida. E então você se torna uma pessoa melhor e decide levar isso para vida toda. É realmente muito simples, não é? Bem, assim que o natal deve ser.

Feliz Natal
Beijos
S.S Sarfati

Era noite de véspera de Natal e já fazia dias que Délia e Leonardo não trocavam mensagens e muito menos telefonemas. O que será que seria da breve história deles? Será que um dia eles esqueceriam o que aconteceu ou será que isso era uma das pequenas coisas que marcam nossa vida para sempre?
Délia estava se sentindo particularmente aborrecida naquele dia vinte e quatro e por isso acabou nem saindo muito do quarto. Estava jogada na cama pensando no que faria em relação a sua vida amorosa quando seu celular vibrou avisando o recebimento de uma mensagem. Pegou o celular e leu o remetente: Leonardo. Isso lhe deixava feliz e angústiada ao mesmo tempo. O que será que ele queria? Ele queria que ela saísse na porta da casa. O que será que isso poderia significar? Na dúvida se deveria ir ou não, Délia saiu correndo do seu quarto em disparada a porta da frente. Abriu o portão e ficou no vazio da noite: nada. Por que ele diria a ela para sair se não tinha um por que? 
Quando estava se dando por vencida e voltando para dentro de casa, pode escutar alguns sinos, sinos natalinos. Poucos segundos depois escutou o som de motos. Motos? Sério? E depois disso tudo foi mágico: duas motos vieram puxando um trenó grande e vermelho. Como arrastavam um trenó se no Brasil não tinha neve? E dentro desse trenó grande e vermelho estava Leonardo.  O trenó parou e ela encarou o rapaz loiro que também a encarava. Antes que ela pudesse perguntar a ele o que era tudo aquilo, ele começou a dizer:
-Merry Christmas! Joyeux Noël! Frohe Weihnachten! Feliz Navidad!Καλά Χριστούγεννα! Buon Natale! E por último, feliz Natal Délia!
-Leonardo, o que é isso?
-O trenó?
-É. E como você conseguiu arrasta-lo?
-Com certeza é uma das maravilhas da engenharia, tem rodinhas. E bem, eu quis te surpreender. Consegui?
-Mas é claro! Mas para que tudo isso? 
-Por que eu te amo e não quero partir sem você. Você me tirou do Pólo Norte onde meu coração vivia e me trouxe para essa lindeza de país tropical! E você Délia, é o maior presente que alguém poderia receber. Eu entendo que você está com medo, eu também estou, mas não vamos deixar que o medo nos impeça de sermos felizes. Vamos nos reerguer, juntos. Além do mais é Natal. E não seria o Natal uma festa para compartilharmos o amor com quem nós amamos? E existe alguém que eu mais amo nesse mundo que você? E então Délia, o que me diz? Você vem nessa comigo? Você comigo nessa rota de fuga do Pólo Norte do meu coração? Hoje é a última vez que a perturbo, se você disser que não voltarei para o Pólo Norte.
-Por que você é o Papai Noel?
-Exato.
-Então Papai Noel, eu sou só uma criança assustada com quanto incrível o senhor é - disse Délia caminhando em sua direção - Tudo que eu queria era ter a coragem que o senhor tem. 
-Você é mais brava do que parece Délia. O que me diz?
-Eu não seria louca de lhe dizer um não.
-Eu sei que o clima pede um beijo, mas antes que eu te beije, preciso fazer uma coisa. 
-O que? - Leo pegou o celular, digitou algo e disse:
-Agora espere um instante. Pronto - e então uma música começou a tocar - Acho que você conhece essa música.
-É a minha favorita. Como sabia?
-É o toque do seu celular.
-De onde ela está vindo?
-Eu sou o Papai Noel, não importa de onde ela está vindo.
-Leo - risos.
-Agora sim é a hora de te beijar - E ele segurou levemente o rosto dela e a beijou apaixonadamente. 

FIM

Beijos
S.S Sarfati. 
(N/A: a música é essa)


Aqui no Brasil muito se fala sobre como é chato ter aguentar as piadinhas da família no natal, mas como é ótimo ter quem se importa por perto por que família nunca perde essa mania. Mas afinal, quem disse que devemos passar o natal com a família? 
Para sermos realistas precisamos entender que o Natal no Brasil dura dois dias: o dia 24, véspera onde todo mundo para o que tá fazendo para se preparar para o Natal, e o dia 25 onde é propriamente Natal e ninguém faz nada. O que é mais celebrado, sem dúvida é a véspera, a noite onde ocorre a troca de presentes. Ninguém dorme para que no dia seguinte acordar cedo e ir abrir os presentes de pijama. Não estou reclamando, é só uma observação. E nessa véspera ocorre o encontro da família.
Encontros de família são sempre algo complicado por que na grande maioria das vezes a família não se dá bem e uma única vez ao ano gosta de fingir que se amam, fazendo reinar a falsidade. É muito chato e superficial: todo mundo sabe que ninguém lá de fato não se importa com ninguém então para que isso? E para que socialmente obrigar todo mundo a fazer isso? A grande maioria das pessoas passa a véspera de natal com a família sim. O ruim é que quem não quer passar com a família toda não tem outra opção a não ser se isolar em um núcleo familiar ou encontrar outros amigos que são 'marginalizados' da família por alguma razão. Natal é sobre estar com quem se ama e não sobre estar com a família. 
Outra observação que faço é por que não podemos viver o dia 24 normalmente? Por que o dia 24 tem que parar? Dois dias parados é algo totalmente sem necessidade. 
E o que falar sobre o almoço de Natal no dia 25? Costuma ser ainda mais catastrófico que a noite do dia 24-25: tem gente que bebe demais, é cunhado dando em cima da esposa de outro, é família que decide acertar as diferenças de 30 anos bem no dia de Natal... Isso não é amor, portanto achar que isso é Natal é ridículo. 
Por que não podemos fazer como nos países do norte? Dia 24 é dia normal e dia 25 algumas pessoas dão festas de natal e cada um escolhe para que festa quer ir, e nem sempre é a festa da família. Por exemplo, em uma família nuclear de 4 pessoas, pai mãe e dois filhos, se cada filho quiser ir em uma festa e os pais em uma terceira festa pode ser problemas ou chantagem psicológica. É simples e indolor. 
Você pode me dizer "Somos latinos, devemos manter a família unida" e por isso já digo: ser latino e manter a família unida não adianta nada se não tem amor verdadeiro. 
E eu nem preciso falar que nós celebramos o Natal porcamente por aqui né? Eu sei que é calor aqui e não tem neve, mas seria muito legal ver as pessoas empolgadas com o Natal. Em pleno dia 23/12 quando se compra algo a maioria das pessoas não desejam um feliz Natal. 
Não pensem que não gosto do Natal. Eu amo o Natal. Só queria que ele fosse melhor.

Beijos
S.S Sarfati

-Então Délia - disse Leonardo após não obter nenhuma resposta da moça sentada a sua frente - Você vem comigo nessa?
-É muito simples você simplesmente aparecer na minha vida, bagunça-la totalmente e me pedir para ficar sem saber se isso vai durar Leonardo. Eu não posso me perder por algo que não sei se vale a pena ou se vai durar. 
-Délia por que raios passa pela sua cabeça que isso não vai durar? Que não tem futuro ou que não vale a pena?
-Somos muito diferentes Leonardo! Não aja como se você não soubesse disso.
-E é isso que eu amo em você. Você é simples, eu sou complicado. Você é leve e descontraída enquanto eu sou chato e reclamão. Eu adoro que cada dia que passo ao seu lado me torno uma pessoa melhor.
-Eu não vou resolver os seus problemas.
-Eu sei! Mas eu gosto de estar ao seu lado, me faz querer resolver os meus problemas.
-Eu amei um cara durante seis anos. Durante esses seis anos, eu perdi totalmente o equilíbrio da minha vida e agora, quando finalmente sinto que estou encontrando o que perdi, você não pode aparecer na minha vida e me fazer querer perder o equilíbrio de novo em algo que eu não vejo futuro. Você é perfeito Leo: alto, ombros largos, loiro, olhos azuis, fala uns quatro idiomas e é uma das pessoas mais inteligentes que já vi em toda minha vida e você não merece alguém como eu. Seu futuro é estar com uma moça igualmente linda e perfeita, constituir uma família perfeita e acabou.
-E se eu não quiser? E se eu quiser você? E se você for tudo aquilo que eu preciso mesmo você não acreditando? Délia, venha comigo. Vamos embarcar nisso juntos. É natal, milagres acontecem. Vamos fugir.
-O que?
-Meus pais têm uma casa no interior, vamos para lá. Não está decorado nem nada, mas isso não será um problema para você. Vamos ficar só eu e você curtindo o quem nós mais gostamos: você e eu.
-Isso é ridículo. Você de fato está parecendo demais um adolescente agora. 
-E você parece uma adulta desiludida. Olha, eu vou. Mas se você mudar de ideia, por favor não hesite e me ligue tá? 
***

Leonardo estava decidido a reconquistar o coração da boneca que tinha o nome de Délia, e tudo graças as páginas finais do livro que ela havia emprestado a ele. Ele estava determinado a ignorar quem um dia ele foi e focar apenas em quem ele queria ser e ao lado de quem ele queria ser o que ele queria ser. Parecia confuso, e de certa forma era, mas dava para entender. 

Estava confiante, apesar de com medo. Seguiu de carro até a casa de Délia naquela ensolarada manhã de quinta feira. Ele não podia acreditar que estava dirigindo tanto, ele odiava dirigir até conhecer Délia. Não sei se era o ato de dirigir que havia mudado após conhece-la ou se era como ele adorava vê-la no banco do carona sempre sorridente. E ele adorava o sorriso dela. 
Chegou na casa dela, desceu do carro, tocou a campainha e uma senhora de mais de setenta anos apareceu na porta:
-Sim?
-Oi, eu gostaria de falar com a Délia. Ela está?
-Ah, você é aquele rapaz.
-Sim, eu sou - disse sorrindo - Eu acho.
-Mas é claro que é! Deixe-me...
-Vó, quantas vezes eu já disse para a senhora deixar que eu atendo a porta? É perigoso e.... Leo?
-Oi Délia.
-O-oi.
-Délia, você não vai convidar seu amigo para entrar? - disse a senhora dando uma piscadela para Délia.
-Mas é claro que eu vou. Entra ai Leo.
-Obrigado.
-Bem, desculpa a curiosidade, mas você não trabalha?
-Ultimamente anda bem fácil tirar manhãs de folga. A maioria do pessoal quer a tarde livre.
-Quer café Leonardo? 
-Eu aceito. É muita gentileza da senhora. 
-Que isso! Tudo isso por essa coisa linda de neta que eu tenho chamada Délia!
-Ela é mesmo linda.
-Eu já venho. Não se empolguem muito na minha ausência! - E assim a senhorinha deixou o recinto. 
-Sua avó é uma figura - disse Leonardo interrompendo o silêncio.
-Ela é bem engraçada.
-Ela é espontânea, assim como você.
-O que você está fazendo aqui?
-Eu vim conversar.
-Poderíamos conversar por telefone.
-Mas ai eu não estaria olhando para você. 
-Leonardo, diga logo o que você veio para dizer.
-Eu sei que isso te apavorou, mas eu te amo Délia. E eu não estou pronto para desistir de você. A convivência com você nesses últimos dias me fez abrir os olhos para um mundo que eu nunca soube que existia. Você mudou a minha maneira de ver o mundo, e uma vez que algo se muda não volta mais como era antes.
-Essa frase já existe.
-"Uma mente que se abre a uma ideia jamais volta ao seu tamanho original"
-Você adora usar quotes, não é?
-Eu sou publicitário - risos - Mas então Délia, o que você me diz? Eu estou embarcando em uma aventura em viver essa nova vida que você me apresentou e então, você embarca comigo nessa? 


Beijos
S.S Sarfati 

Leonardo estava inconformado, ele tinha levado um fora. Mas não era com isso que ele estava inconformado, embora parecesse que era. Ele tinha levado um fora e estava muito mal com isso. E ele nunca tinha ficado mal com um fora, nem quando foi a primeira vez que ele levou um fora. Na sua cabeça Délia era a única moça que ele não poderia deixar partir, mas ele deixou. Como ele foi capaz?
Dizer que a amava foi um erro, deixar que a Maria Clara a conhecesse foi outro erro, mas ele sempre foi tão bom em corrigir os erros então por que não corrigiu mais um? Por que ele não corrigiu o único erro que valia a pena corrigir?
Ele não iria dar o braço a torcer, era extremamente orgulhoso, mas ele havia entendido o por que de 'Scrooge': ambos não sabiam viver a vida e ambos não tinham noção de como o tempo passava depressa. Délia havia ensinado tudo aquilo a ele com seu sorriso bobo e sua mania de falar com as mãos. Ele a conhecia fazia tão pouco tempo, mas cada vez que olhava para ela se sentia em casa.
E agora tudo era passado. Ele havia jogado a única chance que teria de ser feliz e se sentir vivo. Quantas vezes ele já não havia deixado algumas chances passar por ele por puro medo do que aconteceria com ele, caso visse o mundo por outro ângulo?
Ele a veria de novo para devolver o livro, mas ele não poderia se iludir achando que seria como antes. Nada de risadas, de piadas inconvenientes ou de beijos estralados. Seria algo extremamente prático e rápido, exatamente como ele costumava ser.
O que ele faria agora? Ficaria tentando achar uma moça como Délia para preencher o vazio do seu peito? Será que um dia o vazio seria preenchido? Então era assim que era sofrer por amor? Dizer que uma garota apareceu na sua vida e depois daquele dia nada foi o mesmo? E tudo o que lhe restava era a culpa de deixar algo incrível passar por ele sem que ele tocasse.
Desanimado, Leonardo mais uma vez se jogou na sua cama e abriu o livro que havia sido emprestado a ele. Estava nas últimas páginas, embora não quisesse que o livro chegasse ao fim. Era uma maneira de manter a breve história dos dois viva. Lendo o livro se deparou com uma passagem que particularmente decidiu guardar para si: 

"Seu próprio coração estava alegre e feliz, e isso lhe bastava. Ele não teve mais relações com os espíritos, mas manteve a melhor das relações com os seus semelhantes,e diziam mesmo que não havia nenhuma pessoa que festejasse com mais entusiasmo as festas de Natal"

E foi como se a ficha caísse para ele: chega de viver pensando em quem ele foi, era hora de pensar em quem ele queria ser e ao lado de quem ele queria estar. Para essa última pergunta sabia muito bem a resposta, agora era hora de pensar melhor como ele seria o que ele sempre quis ser e como ele poderia mostrar isso a pessoa que, do nada, havia se tornado o seu mundo.

Beijos 
S.S Sarfati

-Eu fiquei tão feliz quando você me ligou ontem a noite Délia, você não tem ideia - disse Leonardo dando um beijo estralado na bochecha da moça.
-Que bom. Por que não se senta?
-Nossa, você parece fria.
-Desculpa, não foi a intenção Leo, mas acho que nós precisamos conversar.
-Claro, o que foi?
-Até quando a Maria Clara vai continuar com isso?
-Sobre isso que você queria falar pequena? Dela? Ela não é motivo para se preocupar. 
-Claro que é! Ele não pode nos ver juntos que fica derramando veneno.
-Se serve de consolo, quando ela me vê no trabalho ela também derrama veneno.
-Ela é uma trivaca.
-Acho tão engraçado quando diz isso.
-E sua ex-namorada.
-Eu já te disse Délia, não tem por que ficar com ciúmes.
-Eu não estou com ciúmes. Só estou cheia dessa situação. Ou você acha que ela é a única que faz piadinhas em relação a minha idade?
-Eu não me importo com o que mais ninguém pensa. Só com o que você pensa, Délia. Eu só não quero que isso acabe por aqui e estou disposto a qualquer coisa para você entenda isso. O que eu sinto quando estou com você, eu só sinto quando estou com você. Eu nunca me senti assim antes. Eu olho para você e me sinto em casa, por que é disso que se trata o amor: olhar para a pessoa e sentir em casa.
-Então você me ama?
-Nossa - disse Leonardo surpreso consigo - Sim, eu acho que eu te amo Délia.
-Eu não estou preparada para ouvir isso. Desculpa Leo, eu tenho que ir - disse Délia se levantando da mesa.

-Então você gostou do museu de arquitetura? - perguntou Leonardo na saída do museu.
-Leo, você está mesmo perguntando a uma futura arquiteta se ela gostou de um museu que só fala sobre isso? 
-Só quis ser educado. 
-Mamãe te ensinou bem. 
-Você nunca fica curiosa que eu nunca te falo dos meus pais?
-Fico, mas não cabe a mim bisbilhotar na sua vida. Ou cabe?
-Não iria me importar tanto assim se você me perguntasse algumas coisas sobre meus pais.
-Então, o que você quer dizer sobre eles?
-Eu era bem próximo da minha mãe até sofrer o acidente, depois disso ela se isolou do mundo e inclusive de mim. E meu pai é o típico cara de finanças, exigente e controlador até não poder mais. Ambicioso até dizer chega. Sou muito do que vi ele sendo, mas não me orgulho muito disso.
-Por que não?
-Nunca fui fã do jeito que ele tratava os outros. A família, os amigos e colegas de trabalho... Ele é um cara muito egocêntrico.
-Você não é egocêntrico.
-Pelo menos isso -risos - Sou exigente, ambicioso, gosto de controlar as coisas a minha volta, mas nada comparado a ele. Ele sim é um Scrooge.
-Então você continua lendo o livro?
-Mas é claro! Não iria parar agora que estava ficando bom.
-Em que parte você está?
-Fantasma do natal presente. 
-Minha parte favorita é a do fantasma do natal futuro.
-Por que?
-Na verdade, não sei. Mas eu gosto da maneira que Dickens retrata o Ebenezer quando ele se vê com o ele futuro.
-Com essa conversa você deveria ter ido fazer letras.
-Você sabe que eu pensei seriamente nisso? Mas daí eu lembrei que teria a parte de gramática também então... argh!
-Eu também considerei fazer letras.
-Você?
-Eu, por que?
-Não sei, acho que não combina com você.
-Só por que sou homem? Não achei que você tivesse preconceitos.
-Não tenho, só não imagino você na faculdade de letras. Mas sabe de uma coisa, você com certeza seria o aluno mais gato de toda a turma.
-E provavelmente o único homem, não é?
-Não necessariamente, mas ainda sim o mais gato - risos - Por que você ficou vermelho?
-Não sei.
-Não vou ser tão assertiva da próxima vez então.
-Que isso, eu gosto - disse ele passando o braço em volta dela - Só não estou acostumado.

Délia estava dormindo quando seu telefone tocar. Nossa, como ela odiava isso! Olhou no relógio e viu que marcava pouco antes das sete, quem iria ligar para ela antes das sete da manhã em uma Terça feira? Atendeu e antes que pudesse dizer alguma coisa, uma voz do outro lado da linha berrou:
-Délia, acorde! Nós vamos sair!
-O que? Quem tá falando? 
-Não se faça de desentendida, você sonhou comigo a noite toda. Sou eu, Leonardo.
-Bom dia para você também Leo. 
-Não faça essa cara de desgosto, levanta logo que nós vamos sair.
-Como assim? 
-Tirei a manhã de folga. Vamos Délia, acorde logo. 13h tenho que estar de volta na agência.
-O que você está planejando? - perguntou Délia enquanto levantava-se da cama.
-Primeiro um café da manhã para sumir com essa sua voz de sono. Depois podemos ir ver alguns pontos turísticos, estou com a minha câmera e tudo.
-Leo, eu já conheço a cidade.
-Eu sei, mas dessa vez será diferente. Prometo. E depois, lá pelo meio dia, tem um restaurante super legal em que podemos almoçar. Você já está vestida?
-O que?
-Você já está de roupa e tudo? Pronta para sair de casa? 
-Já que você disse que vamos tomar café da manhã, sim. Onde te encontro?
-Na porta de casa.
-Mas Leo...
-Eu tô aqui na sua porta te esperando, desce logo. 
-Descendo, beijos.
-Beijos - Délia estava feliz. Um pouco sonolenta, mas muito animada. Ele estava sendo tão doce ultimamente que estava valendo passar cada segundo com ele. 
-Délia, querida, aonde você vai tão cedo e com tanta pressa?
-Oi Vó, não sabia que a senhora estava acordada.
-Gente velha não precisa dormir querida.
-Não diga isso vovó. 
-Digo. Mas aonde está indo?
-Eu vou tomar café da manhã com o Leo.
-Aquele Leonardo?
-Esse mesmo vó.
-Não te disse que valia a pena ligar para ele? 
-Ainda bem que me escutou! - risos - Agora vá e não o deixe esperando.
-Tudo bem, tchau vó. Lá pela 13h estou de volta - disse a moça depositando um beijo na bochecha da avó.
-Aliás Délia, traga-o aqui um dia desses. Ele é um broto! - gritou a vó ao fundo.

-Leonardo, aquela Maria Clara não vale nada! - disse Délia após dar uma garfada no seu macarrão.
-Se você quiser dizer coisas piores, está valendo. 
-Quero dizer, como você pode se envolver com uma mulherzinha daquele tipo? 
-Quer ouvir a história toda?
-Claro.
-Pois bem, volte alguns anos atrás, 2003, e você verá um Leonardo magricelo, alto, desengonçado, com um corte de cabelo horrível de 15 anos. E também verá uma Maria Clara de 15, só que com cabelos compridos, sorriso sensual e com uma capacidade de manipulação ímpar. Pois é, nós fizemos o Ensino Médio juntos. Na época ela nem sabia quem eu era, mas dígamos que eu tinha um amor platônico por ela. Todos os meninos da sala tinham. Sabe o tipo que ela era né?
-Mandona? Autoritária? Trivaca?
-Não, peituda. Ela era uma das únicas meninas do primeiro ano realmente peitudas. Isso é idiota de se falar hoje, mas na época eu tinha 15 anos. 
-Leo, eu sei disso. Apenas continue a história.
-Tá bom. E nós fizemos o Ensino Médio juntos, simples assim. Ela nunca me notou e eu nunca interagi com ela. Nós só nos conhecemos de verdade quando fui trabalhar na agência do pai dela quando eu tinha 20.
-Mas você me disse que você era estagiário até pouco tempo atrás...
-Na carteira de trabalho pode estar escrito qualquer coisa, posso estar lá como contratado que mesmo assim todos me tratavam como o estagiário "por favor, me traz um café?". O que conta realmente não é o seu cartão de vistas e sim como as pessoas de dentro te vêm. 
-Mas continue a história.
-Nós dois éramos estagiários e ela nunca falou comigo durante anos, até ela descobrir que eu era o Leonardo da sala dela em Janeiro do ano passado. Ai nos aproximamos, começou a rolar um clima e você já sabe. Eu já tinha um corte de cabelo melhor e já estava mais encorpado.
-Qual é o seu problema com figuras de autoridade?
-O que?!
-Primeiro pega a filha do reitor, depois a filha do chefe... Leo, isso é um padrão comportamental. Você deveria ir ver uma terapeuta. 
-Délia, você não entende nada disso.
-Eu sei! Mas é algo considerável, deve indicar alguma coisa e...
-Deixe-me terminar a história.
-Continue.
-Nós ficamos juntos durante cinco meses até ela começar a surtar e querer que a coisa ficasse séria.
-E você não queria compromisso?


Muitos acham que amor é que nem papai noel: só existe na imaginação. E não é nem na imaginação de todo mundo, é só das crianças ou seres mais inocentes. Algumas pessoas nascem assim, céticas; Outras pessoas ficam assim por conta da família em que nascem; E outras ficam assim após um dia terem acreditado nesse sujeito sapeca que é o Amor. 
Tem pessoas que acreditam em Platão e dizem que o amor só existe enquanto ideia, são um tipo diferente de pessoas céticas. Essas pessoas geralmente já tiveram algo com o Amor, mas que não deu exatamente certo.Ou foi uma experiência traumática, você pode escolher a causa. 
Algumas pessoas fingem que ele não existe, mas que no fundo estão louquinhas para que o Amor as surpreenda e mostre toda sua força. Essas pessoas se fazem de durona por fora, não deixam ninguém se aproximar rapidamente, evitam contato com coisas relacionadas ao Amor, por que sabem que uma vez envolvidas, nunca mais se dispersarão. 
E tem aquelas pessoas que assumidamente acreditam no Amor. Essas são aquelas que não vêm a hora de viver um grande amor, que sonham com o momento ideal, sonham tanto podem correr o risco de não perceber quando ele estiver ao lado. Mas esse é um dos riscos que se corre ao sonhar. E essas pessoas entendem bem de riscos, estariam dispostas a qualquer coisa para agarrar de vez o ligeirinho do Amor. 
Sabe o que todos os tipos de pessoa tem incomum? Além da presença do Amor, é claro. 
Em todas as situações várias pessoas já sofreram na mão desse danadinho. Algumas por inocência, falta de experiência ou algumas bobagens cometidas por acaso. As vezes tudo que a pessoa precisa é cruzar com ele por acaso e parar de achar que não dá para acreditar no que não se vê.


Beijos
S.S Sarfati

-Por que você não decorou tudo sexta a noite? Ai hoje de manhã já estaria tudo bonito. Seria mágica.
-Mágica natalina? - perguntou Leonardo.
-Isso mesmo, mágica natalina. Mas de qualquer forma por que você que está tendo que decorar o escritório? 
-O estagiário entrou de férias hoje.
-E você é o que?
-Eu sou contratado. Ex estagiário, mas ainda sim contratado.
-Por que o estagiário não fez isso ele mesmo na sexta?
-Estava doente.
-Uh, doente?
-É. "Doente". Aliás, você pode me passar aquele pisca-pisca ali?
-Aonde?
-Esse que você quase pisou.
-Ah sim - disse Délia entregando o pisca-pisca a Leonardo.
-Eu nunca vou ter palavras suficientes para te agradecer por estar me ajudando. Sem você acho que eu levaria a noite toda decorando esse lugar.
-Pega leve, eu ainda acho que vamos levar a noite toda para decorar esse lugar todo. Mais ninguém podia te ajudar?
-Amigos amigos, decoração brega de natal à parte.
-Ei! Não é brega.
-Você me entendeu Délia. Em um escritório ninguém está de fato pensando no natal ou espírito natalino. Isso é tudo falsidade. E obviamente você não sabe disso por que não está trabalhando ainda. Aliás, isso é ótimo por que adoro seus olhos do jeito que são e quando você começar a trabalhar, bem, eles vão ficar um pouquinho mais cansados.
-Eu aguento. 
-Eu sei que aguenta mas.... Ai!
-O que foi?
-Levei um choque.
-Mas Leonardo é só colocar o pisca-pisca na tomada, não é difícil.
-Ah não?
-Desse daí que eu faço.
-A escada é pequena demais para você alcançar.
-Sério Leo? Primeiro me chama de novinha, depois de baixinha e ainda quer me levar para jantar? Como assim?
-Desculpa Délia, esse é só o meu senso de humor sem graça - disse Leonardo descendo da escada - É toda sua. 
-Obrigada.
-Aliás, se você pretende continuar saindo comigo preciso que saiba que ainda sou um adolescente por dentro.
-Um adolescente?! - disse Délia encarando o rapaz.
-É, um adolescente. Fico nervoso quando não deveria, falo coisas que não deveria, estou sempre com fome...
-Ótimo, por que estou sempre com fome também.
-Eu tive uma namorada que odiava isso: não saíamos uma vez em que eu não quisesse comer. Na maioria das vezes só comia quando chegava em casa para não chateá-la, mas era sempre. Na balada, no barzinho, no shopping, qualquer lugar e qualquer hora.
-Acho que nós não teremos esse tipo de problema. Não que eu esteja dizendo que nós vamos namorar ou coisa assim, eu só quis dizer que.... Bem acabei por aqui.
-Jeito diferente de dizer que você acabou de colocar os pisca-piscas em cima da porta.
-Bem, você me conhece, sempre sendo diferente. Desde o nome.
-Por que se chama Délia?
-É o nome de uma boneca que minha mãe teve quando era criança. 
-Sua mãe queria que você fosse uma bonequinha então? - risos.
-E você, por que se chama Leonardo? 
-Era o nome do médico que fez meu parto.
-O que?! Seu nome é o por causa do médico?
-Pode brincar o quanto quiser, mas seu nome sempre será Délia. 
-E você pensa que eu não gosto? 
-Leonardo? - disse uma voz feminina distante.

Era Domingo a tarde, pouco depois do almoço quando Leonardo decidiu se jogar em frente a televisão da sala e mofar por lá o resto do domingo. Ele podia ser homem feito, 'um broto' como dizia sua avó ou até bonitão como sua mãe um dia colocou, mas ele estava longe de ter a vida que ele ou a sociedade esperava que um homem de 25 anos tivesse: não saía muito para badalar, não tinha quinhentos amigos no facebook, muito menos uma namorada séria. Por que essa era a pior parte de chegar por volta dos 25 anos: ou você era um solteirão convicto ou já estava pensando em casamento, e Leonardo não estava em nenhuma das duas categorias.
Pensando sobre seu futuro, decidiu pegar o celular para ver se tinha algo para a próxima segunda. Ele poderia ser socialmente um desastre, por isso ele fazia de tudo para que o profissionalmente ele prosperasse. Só que antes que tivesse  chance de olhar os compromissos para o dia seguinte,  foi carinhosamente surpreendido por uma mensagem de texto de Délia que desejava a ele um bom domingo. Ela era tão adorável, tão linda, tão delicada e beija-la na sexta tinha sido uma das decisões mais acertadas que tinha tido nos último dias. E ele se orgulhava disso. 
No começo ele havia ficado um pouco inseguro de como ela iria reagir, mas para sua sorte, ela tinha gostado tanto quanto ele. Passou pela sua cabeça chamar ela para sair no Sábado, mas sabe quando bate uma insegurança? Por isso ele havia mandado uma mensagem, marcar presença sem exagerar. E então, por que não responder a mensagem dela ligando? Ele não era um adolescente, ele podia fazer isso sem gaguejar. Pelo menos na teoria.
-Oooi Délia.
-Oi Leo, tudo bem?
-Eu gosto quando você me chama de Leo, parece que a gente já se conhece a um tempão - risos - eu estou ótimo e você?
-Eu também.
-Como foi seu almoço de domingo?
-Normal, almoçamos o almoço - risos -  E você?
-Almocei comida mesmo - risos - Então Délia, eu estava pensando que eu deveria ter te chamado para fazer alguma coisa ontem né?
-Ah sem problemas. Foi ótimo ficar em casa.
-Por isso que eu não te chamei, achei que você iria querer matar a saudades da sua mãe já que você mora longe.
-Não se preocupe com isso Leonardo. Aliás, ainda tá lendo o livro? 
-Sim, estou na metade. 
-Descobriu por que te chamo de Scrooge? 
-Acho que você vai precisar me contar... por isso mesmo eu estava pensando se você não quer sair...
-Quando?
-Hoje. Tá uns 30° graus lá fora, quer tomar sorvete?
-Eu adoro sorvete! Quero sim. Aonde?
-Rodoviária, pode ser? Eu te deixo em casa depois.
-Parece que você está perdendo a preguiça de tirar o carro da garagem - risos.
-Tem alguns motivos que fazem valer a pena Délia.
-Te vejo umas 17h lá?
-Claro. Beijos
-Beijos. 
E com isso, Leonardo nunca esteve tão animado para tirar o carro da garagem. 

Já devia passar da uma da manhã mas Délia simplesmente não conseguia dormir, seu cérebro apenas não desligava. Poderia parecer bobagem, mas ficava refletindo sobre o beijo que tivera com Leonardo desde o dia em que aconteceu. Foi tão diferente: a pessoa, a situação, o momento, a maneira em que ele a tocava sempre tão delicado, a música que tocava no rádio naquele instante, o momento depois do beijo. Ele não parecia arrependido ou que queria fugir dali. Assim como ela, ele apenas entendeu que foi o que foi.
Nada é tão mágico quanto entender perfeitamente as atitudes do passado. Por tanto tempo Délia lutou em tentar mudar o que já havia passado que finalmente aceitar tudo isso era um imenso alívio em seu peito.
No dia seguinte, sábado de manhã, ele a surpreendeu mandando uma mensagem no seu celular. Não dizia nada de importante, mas foi o suficiente para ficarem trocando mensagens o resto do dia. Uma pequena parte de Délia ficou torcendo para que ele a convidasse para fazer algo naquele dia mais tarde, mas assim ele também ficou com medo de forçar a barra.
Era tão estranho para ela estar se interessando por alguém de novo, por que não havia mais como negar que ela estava se interessando por Leonardo e muito provavelmente, Leonardo por ela. Saber que o interesse era mútuo era algo revigorante, mas ao mesmo tempo assustador. Se interessar por alguém pode ser algo que te dá vida quando você não tem mais, mas também pode ser algo que te coloca no caminho da morte.
Délia tinha saído de um relacionamento sério não fazia muito mais do que três meses. Tinha sido difícil terminar e deixar tudo enterrado no passado. Tão difícil que ela nunca mais se imaginou começando de novo, mas agora, com  toda essa situação, ela se imaginava começando de novo. Talvez não ao lado de Leonardo, mas com alguém. E isso era ótimo, porque estar interessado em alguém  de novo significava que o seu último relacionamento não tinha matado ela tanto quanto ela podia imaginar.
Mas voltando seus pensamentos no Leo... Nossa, ela nunca iria imaginar que estaria chamando aquele rapaz rabugento que conheceu no ônibus de Leo, como se eles tivessem sido amigos a vida toda. Ele era um cara fantástico: inteligente, preocupado, responsável, honesto... Tudo bem, ele podia ser loiro e não fazer o seu tipo, mas era impossível não se interessar por aquele moço alto de olhos claros e ombros largos.
E o que será que iria acontecer no futuro? Não em um futuro longínquo, mas em um próximo mesmo: será que eles se veriam de novo? Será que ele a chamaria para sair mais uma vez? Se sim, como seria? Afinal, a última saída deles tinha terminado em um beijo no carro dele. Será que ele iria fingir que não foi nada? Não parecia, por que ele estava visivelmente mais fofo nas últimas mensagens que trocaram, mas nunca se sabe. Outra coisa que a preocupava é que sem dúvida Leonardo tinha sido o cara mais velho por quem ela já havia se interessado: Délia tinha por volta dos seus vinte anos enquanto Leonardo já tinha seus vinte e cinco anos, será que muita coisa mudava entre eles por conta disso?
Ela estava suada: não sabia se era por que estava tentando dormir com duas cobertas enquanto fazia 30°C lá fora ou se era por conta dos pensamentos que insistiam em mante-la acordada. Apenas decidiu levantar e beber um copo de água. Quando voltou com o copo em mãos, por força do hábito decidiu checar o celular, tinha uma mensagem dele perguntando se ela também não conseguia dormir. Lógico que ela respondeu e os dois continuaram uma agradável conversa sobre como o calor impedia eles de dormirem até que, quase que juntos, os dois adormeceram pensando se era mesmo verdade que quando você não consegue dormir é por que você está acordado nos pensamentos de alguém. 

Beijos
S.S Sarfati

-Então Délia - disse Leonardo enquanto coçava a parte de trás da cabeça - eu gostaria de dizer obrigado.
-Obrigado pelo que?
-Você sabe, as compras, o livro, essas coisas. Ah, e a companhia também.
-Então a minha companhia foi agradável? 
-Bastante - disse o rapaz ficando com o rosto levemente corado o que deixou ela com o rosto da mesma forma, e para não ficar chato para nenhuma das partes, Délia rapidamente mudou de assunto:
-Esse lugar é muito bonito. A decoração é encantadora. 
-E não é? - risos - Como aqui é uma galeria fica fácil de decorar tudo com tantos detalhes natalinos.
-Por que você não escolheu um shopping? Não que tenha sido ruim aqui, mas talvez lá tivesse mais opções. 
-Eu sei. Mas em nenhum shopping tem a decoração que aqui tem.
-Você não me pareceu o tipo de pessoa que é apegado a decoração de natal - risos. 
-Eu não, mas você é. 
-Como assim?
-Achei que você fosse gostar daqui.
-Então você me trouxe aqui por que sabia que eu iria gostar da decoração? 
-Basicamente sim.
-Nossa, isso é muito gentil da sua parte. 
-Não tanto quanto você me ajudar com essas comprar de natal.
-O prazer foi meu. De te ajudar com as compras e tudo mais. Aliás, por que você foi o responsável para compras os itens da festinha de final de ano?
-Acho que é por que eu fiz besteira. Ou por que até o meio do ano eu era o estagiário. Acho que a segunda opção é a mais provável - risos.
-Então Leonardo, você odeia o natal?
-Não é que eu odeie o natal, eu só não gosto. Acho sem sentido e nada além de um feriado comercial. Sabe essas propagandas de natal que tem por ai que fala do espírito de natal e tudo mais? Só quer que você fique emotivo para gastar mais dinheiro.
-E você acha que eu não sei?
-Então por que você continua gastando?
-É o espírito natalino Leonardo!
-Céus, não bastava ter escolhido a profissão por causa do The Sims, precisa também ser tão ingênua Délia? - disse em um tom de brincadeira não exatamente explícito - Desculpa. Eu não quis de fato parecer grosseiro ou como se estivesse caçoando de você. De verdade, desculpa.
-Continue.
-Continuar o que?
-O pedido de desculpas.
-Eu tenho que continuar?
-Seria adorável.
-Então, eu sou um idiota 90% do tempo tá? Desculpa. Eu não queria ser assim especialmente quando estou com você. Você é tão boa e gentil Délia, que eu me sinto cada vez mais monstro conforme eu passo mais tempo ao seu lado. E eu juro que isso não quis dizer que não quero mais passar um tempo ao seu lado é só.... Eu sou péssimo com as palavras, especialmente quando estou nervoso. Eu me sinto um adolescente toda vez que isso acontece, eu sou tão desastrado com as mulheres que eu não sei como consegui dar o meu primeiro beijo. E você não está interessada em nada disso que eu acabei de falar. 
-Por que você está nervoso?
-Eu não sei. Só sei que não consigo me controlar, por isso que estou me mexendo o tempo todo como pôde reparar.
-Pois é, eu reparei - risos.
-Eu sou péssimo.
-Não é para tanto, talvez só falte um pouco de prática.
-Sabe como eu conheço pessoas novas?
-Pessoas você diz mulheres?
-Não, pessoas mesmo. Eu não conheço.
-Por que tão solitário Leonardo?
-Eu não sei. Mas ficar sozinho, no meu canto, sem respirar e fingindo que não existo parece quase sempre uma opção formidável.
-Por que não sempre?
-Por que em momentos como esse, eu não sei o que dizer. Eu me enrolo com as palavras, digo bobagens e ajo como se tivesse 15 anos.
-Eu não era muito diferente quando tinha 15 anos - risos - Aliás, por que você insiste em estar tão nervoso? Sou só eu.
-Por isso eu estou nervoso.
-Por que sou eu?
-Exato.
-Não deveria. Não estou aqui para te julgar, aliás, ninguém está aqui para te julgar. 
-Você vê? Sempre tão boazinha e eu sempre tão rabugento...
-Scrooge - risos.
-Eu ainda estou lendo livro e não entendi por que me chama assim.
-Continue lendo então! Leonardo, posso te fazer uma pergunta um pouco pessoal? 
-Foi com 17.
-O que ?
-Meu primeiro beijo. Foi em uma daquelas festas de boas vindas que algumas universidades dão. Foi algo trágico.
-Eu consigo imaginar o por que...
-Foi com a filha do reitor.
-Ai! Virou 'o' puxa-saco?
-Exato.
-Bem, Leonardo, não era isso exatamente que eu ia perguntar.
-Ah não? 
-Não.
-Eu te contei tudo isso atoa?
-Sim.
-Eu sou uma vergonha para os meus pais.
-Não diga isso! - disse a menina dando um soquinho de  brincadeira na barriga do rapaz - Eu ia te perguntar por que você não gosta do natal.
-Ah sim. Lembra do acidente da minha mãe?
-Claro.
-Foi na véspera de natal. Ela estava voltando do supermercado. Costumava acontecer grandes festas de natal em casa, com todo mundo rindo e celebrando. Depois do acidente todos nós nos isolamos um pouco também.
-Você vai acreditar se eu disser que lamento?
-Hoje vou sim.
-Mas vocês nunca pensaram em montar algo de novo?
-Não é tão simples Délia.
-Eu entendo - disse ela depositando a mão no braço do rapaz - Estarei sempre aqui. Sempre pronta para celebrar o natal.
-Isso é muito gentil.
-E você não deveria ficar nervoso quando está perto de alguém que também fica nervoso quando está perto de você. Pera, isso foi confuso não foi?
-Só um pouquinho - risos - Por que você fica nervosa quando está perto de mim?
-Eu não sei, apenas fico - risos.
-Então estamos na mesma - risos - que tal eu te deixar em casa? 
-Ótimo. 

Eu sei que eu sou nova, mas tenho a impressão que a alguns anos atrás o verdadeiro espírito de natal era algo muito mais vivo do que hoje. Nem tudo é mais tão enfeitado e as pessoas não dizem mais 'feliz natal' nos caixas das lojas. Seria o dinheiro o culpado de tudo isso ou das pessoas que não sabem separar as coisas? Parece que tem muita gente precisando receber a visita dos três fantasmas neste natal...
Nesse vídeo, uma empresa aérea canadense perguntou para seus passageiros de dois de seus voos o que eles queriam de natal. Mas não simplesmente perguntaram: através de uma tela de computador tinha um papai noel de verdade (ator) vestido nas cores da empresa que fazia a pergunta e uma equipe por trás anotava tudo. Então assim que os passageiros embarcaram eles correram para comprar todos os presentes. Feito. Então quando eles todos chegaram no saguão para retirar suas bagagens, tiveram uma verdadeira surpresa natalina. Veja só vídeo: 


Beijos
S.S Sarfati

Quando Délia percebeu estava com o celular na mão pronto para discar o número de Leonardo. Não havia sentido algum no que ela iria fazer e ela sabia disso, só não tinha coragem de desapontar o olhar encorajador da sua avó que lhe dizia o tempo todo: "ligue para ele, parece ser um bom moço". O que era verdade, Leonardo era um bom moço apesar do jeito meio rabugento que tinha as vezes. Poderia não ser exatamente o tipo de Délia, mas também não era de se jogar fora. O que não fazia sentindo era ela ficar pensando se ele fazia ou não o seu tipo, isso estava totalmente fora de questão. Leonardo era a pessoa que ela havia emprestado seu velho exemplar de "Um Conto De Natal". Apenas isso.
Se bem que vendo por esse lado, aparentemente ela também não fazia seu tipo e isso lhe aborrecia um pouco. Como ela sabia disso? Leonardo havia adicionado-a como amiga no Facebook. Como é esperado, ela ficou dando uns cliques no perfil do rapaz. Cliques o suficiente para ver algumas fotos dele com mulheres loiras. Meninas cabelo cor de chocolate realmente não faziam o tipo dele, não que ela de fato se importasse por que, como ela já havia dito para a avó milhares de vezes,  rapazes loiros não chamavam sua atenção. 
Délia voltou a encarar o celular. Ela iria ligar para ele, não iria? Nem que fosse para não desapontar sua avó. Será que ela queria mesmo ver ele? Será que a distância não estava sendo algo generoso? Aliás, quando ele atendesse o telefone o que ela diria? Depois do clássico 'Alô', é claro. Na cabeça de sua vó tudo era tão mais simples, não havia padrões sociais a serem seguidos ou sentimentos envolvidos. Sentimentos como vergonha ou medo de se passar por louca, só para esclarecer antes que pensem absurdos.
-Vó, será que eu realmente devo fazer isso?
-Se eu tivesse sua idade, não pensaria duas vezes antes de fazer.
-Vó, vou parecer uma maluca.
-Se ele não te achou maluca quando quis emprestar um livro a ele só por que o viu no ônibus, não será agora que ele achará.
-Vó!
-Mas é verdade. Délia querida, ligue logo ou ligo eu.
-A senhora não faria isso. 
-Não duvide de mim - e ela percebeu pelo olhar assertivo que sua avó lhe enviava que ela não estava brincando e que ela ligaria se precisasse. E com certeza Délia não queria passar tal vergonha. Respirou fundo e apertou o botão verde do aparelho celular: esperou. Chamou uma, duas, três, cinco, seis vezes e foi para a caixa postal. Ufa! Ela não teria que falar com ele e sua avó teria que se conformar. Mas será que ele estava evitando ela? E sim por que? 
-Pois é vó, mais tarde eu tento de novo. 
-Tente agora, oras! Ele pode não ter tido tempo de atender.

Não devia passar das dez e meia: Leonardo já havia se trancado no quarto e se jogado na cama após um bom banho quente, apesar de ser Dezembro e não haver necessidade alguma de banhos quentes em Dezembro quando se vive no Brasil. Não havia demorado por conta do breve encontro com Délia, deve ter chegado em casa pouco antes das dez. Digam o que quiser, mas considerando que eles levaram quase uma hora para se encontrar e que ele saiu da rodoviária umas nove, sim foi um breve encontro. 
Ele de fato pensou em comentar alguma coisa sobre o livro, sobre Délia ou sobre os dois com sua mãe, mas desde que ela sofrera o acidente alguns anos atrás, ele havia perdido o hábito de comentar sobre sua vida com sua mãe ou com qualquer outra pessoa. Se vendo com nenhuma opção além daquilo, Leonardo apenas se enrolou em suas cobertas amarelas, fechou os olhos e dormiu. 
                                                                         ***
O som da respiração ofegante do rapaz ecoava o quarto. Sentia o suor escorrer a testa e pingar nos seus olhos azuis. Sua camisa verde parecia encharcada e sua cama estava revirada parecendo que Leonardo tinha passado a noite toda lutando com as cobertas. Que horas que eram? Ele esperava ansiosamente que fosse algo por volta das seis para que ele não fosse obrigado a voltar a dormir. Encarou no relógio que tinha na cabeceira da cama e viu: 00:59
Então ele só havia dormido pouco mais de duas horas? Por que ele sentia que aquele pesadelo todo tinha durado uma noite toda? Seu corpo estava moído e molhado de tanto que havia suado, mas apesar disso não iria encarar outro banho de jeito nenhum. Tudo o que ele queria era esquecer o que havia transitado sua mente a poucos instantes. 
Acendeu o abajur, tirou a camisa, arrumou um pouco as cobertas e deitou-se por cima dela. Estava pronto para passar o resto da noite encarando as paredes azuis que tinha, ele não iria voltar a dormir. Não tão cedo. Quando se lembrou do livro de Délia: estava próximo ao abajur. Leonardo se esticou todo, mas conseguiu pega-lo sem grandes esforços. Por alguns instantes encarou a capa do livro: ele ia mesmo ler o livro que uma total e completa estranha havia emprestado? Por que ele iria fazer isso? Por um instante Leonardo arrependeu-se de ter pensado em Délia como uma estranha, eles já haviam jantado juntos e trocado os números de telefone. Total estranhos não fazem isso. 


No último mês esse tem sido minha companhia de todos os dias e nos últimos dois dias, a quarta temporada se fez super presente na minha vida. Comecei a assistir essa série em 2010 mas por alguns motivos eu fiquei sem a Universal Channel, canal que transmitia a série no Brasil, e então parei de assistir. Mas esse ano descobri que tinha 'Rookie Blue' no site em que eu assisto minhas séries. Ai foi só correr para o abraço (e para o player!)

Sinopse: O treinamento acabou. A vida começa agora. Rookie Blue é uma nova série que acompanha a rotina de cinco policiais inexperientes enfrentando uma grande cidade, onde mesmo o menor engano pode desencadear consequências mortais. Andy McNally (Missy Peregrym) é ambiciosa, enquanto Dov Epstein (Gregory Smith) é viciado em adrenalida. Traci Nash (Enuka Okuma), por sua vez, é mãe de um garoto de seis anos, boca-dura e festeira. Chris Diaz (Travis Milne) é o policial exemplar, orgulho da delegacia. Finalmente, Gail Peck (Charlotte Sullivan) é ambiciosa e vai puxar o tapete de qualquer um que fique entre ela e seus objetivos. Esse grupo de policiais treinados juntos na Academia de Polícia agora trabalha junto, descobrindo que tudo é mais difícil do que imaginavam

No Penny's

Lendo a sinopse você até pode achar sem graça, mas te garanto, não é nem um pouco assim. As temporadas são curtas (13 episódios só) então vão direto ao ponto, seja na parte policial seja nas relações. E esse é um dos pontos fortes da série: não mostram os policias apenas como pessoas que resolvem os crimes, mas como pessoas que tem uma vida que frequentemente cruza com o trabalho. É muito legal ver as linha tênue entre vida pessoal Vs vida profissional. 


Vamos falar de alguns dos personagens: a trama gira em torno de Andy Mcnally que faz o perfeito papel de menina perfeccionista que não gosta de errar, tenho certeza que você vai se identificar com ela em algum momento na série; Nick Collins é um ex-militar que agora tenta ser policial na 15° Divisão, com personalidade doce, o rapaz é um eterno apaixonado; Sam Swarek é aquele cara que você tem um monte de motivos para odiar, para acha-lo um cretino, mas você não consegue. O Sam é o cara que tem o coração de grande parte do público feminino de Rookie Blue; Luke Callaghan é mais frequente nas primeiras temporadas, mas logo sai de cena. O que é uma pena por que simpatizei pra caramba com ele; E agora vou falar da minha crush no seriado: Chris Diaz. Ele é um novato atrapalhado como todos os outros (Andy, Gail, Trace e Dov), que segue exatamente o manual, sempre faz a coisa certa, sempre pensa mais nos outros do que nele, é aquela pessoa extremamente doce que eu não tem como não se apaixonar <3

McSwarek <3

Como toda série, seus personagens se envolvem e dai nascem os shipps. O meu é McSwarek, que na minha humilde opinião é endgame, mas nada contra McColins ter um pouco de diversão na 5° temporada. Vocês sabem que se deixar entro fundo nesse assunto, por isso fica para uma próxima vez.  

Eu realmente prometo voltar em breve a falar sobre séries
Beijos
S.S Sarfati

Sim, a tal Délia estava certa: Leonardo não seria demitido perto das festas de fim de ano, mas para o ano seguinte nada era garantido. Ele odiava pensar que teria que começar a procurar empregos, ele odiava o que a vida dele poderia se tornar. 
A rodoviária era enorme e ele não fazia ideia de onde ele se encontraria com Délia. Aliás, ele não sabia ao certo o que ele estava fazendo indo encontrar uma desconhecida na rodoviária. Uma estranha que emprestaria a ele um livro de Charles Dickens. Uma estranha que ele não tinha nem o número do celular. Como ele podia ser tão lerdo e não ter pego o número dela no final de semana? Eles ficaram duas horas e meia sentados juntos, marcaram de se encontrar no meio da semana, mas nenhum tinha sido genial o suficiente de pegar o número do telefone. Palmas para eles. 
Talvez o lugar onde eles desceram fosse um bom lugar. Ou até o ponto de ônibus que eles foram depois. Ou o onde eles tomaram refrigerante juntos por que viram que o ônibus ia demorar muito. Ele não sabia, o lugar era imenso e eles não haviam marcado um ponto de encontro. A vida de Leonardo estava definitivamente indo de mal a pior.
Quando estava próximo de desistir, ir para casa e se convencer que tudo aquilo tinha sido maluquice da sua cabeça pois fazia quase uma hora que ele estava lá e nada de ver Délia alguma, ele avista de longe uma moça baixinha de cabelos longos com belos cachos na ponta. Seus cabelos tinham a mesma cor de chocolate que os olhos de Délia no final de semana. Provavelmente não era Délia, mas valia a tentativa então Leonardo correu em direção da moça chegando perto o suficiente para toca-la no ombro.
-Délia?
-Leonardo! Olá! Eu estava procurando por você! Sabe o que eu percebi? Que nós nos esquecemos de marcar um ponto de encontro.
-Ou de trocar os números de telefone.
-Ah sim, isso também. Bem aqui está o livro. - disse ela tirando da sua grande bolsa laranja um livro velho de capa escura onde podia-se ler claramente 'Um Conto De Natal'.
-Nossa, ele livro é mais velho do que você com certeza.
-Era do meu avô.
-E você vai emprestar para um estranho qualquer que conheceu no ônibus?
-Eu confio em você Leonardo.
-Eu deveria me sentir lisonjeado?
-Um pouco - risos.
-Quando você quer que eu te devolva?
-Leve o tempo necessário. Juro. Não me importo. Mas acho que seria legal você lê-lo todo até o dia 25/12.
-Por que?
-Para fazer mais sentido, Scrooge.
-Por favor, pare de me chamar assim.
-Por que? É tão legal!
-É que eu não entendo por que me chama assim.
-Leia o livro e saberá.
-Isso é uma charada? Por que eu odeio charadas.
-A vida é uma enorme charada.
-Sabe o que eu odeio mais? Metáforas.
-Não seja tão chato.
-Eu não sou chato!
-Claro que é! Que tipo de pessoa legal não gosta de metáforas ou charadas?
-Eu.
-Eu tenho certeza que você é a única exceção. 
-E se eu for?
-Eu tenho certeza que é.
-Olha, eu estou morrendo de fome. Tem uma dezena de restaurantes aqui dentro, por que você não escolhe um e jantamos?
-Tipo um encontro Leonardo Scrooge?
-Não. Tipo duas pessoas adultas que estão com fome e não querem ir para a casa de barriga vazia. 
-Pizza?
-Pizza.

Délia entrou no ônibus de viagem naquela ensolarada tarde de começo de Dezembro. Como é de se esperar para essa época do ano o ônibus estava com a sua capacidade máxima atingida e com um ar condicionado que era incapaz de conter os 30°C que fazia. 
Todo ano Délia saía do interior e voltava para casa nessa época do ano, após o encerramento do ano letivo na faculdade. Ela adorava passar o natal com sua família que seguia a risca as tradições natalinas. Inclusive, só estavam esperando por ela para decorar a casa. Ela apenas não adorava ir para a cidade onde eles moravam, muita coisa havia acontecido por lá. Checou sua passagem e percebeu que estaria no 13° acento, o que lhe daria a janela. Para sua sorte. Caminhou até o 13° lugar e sentou-se: jogou sua mochila no chão, abriu e retirou um livro. Agora tudo que precisava fazer era torcer para que alguém gentil sentasse ao seu lado.
Leonardo tinha feito de tudo para perder aquele ônibus. "Esqueceu" de colocar o celular para despertar, deixou para arrumar a mala de última hora, não comprou passagem com antecedência, mas mesmo assim o azar estava ao seu lado. 
Como se não bastasse aquele calor infernal de 30°C, o ônibus estava lotado. Leonardo sentia cada parte de si vibrando de felicidade, só que ao contrário. Leonardo tinha seus vinte e poucos anos e a pouco tempo havia deixado de ser estagiário, portanto é natural que ele quisesse impressionar a todos na agência de publicidade onde trabalhava. E notando o entusiasmo do rapaz, seu chefe havia mandado-o para uma das empresas que eles tinham conta no interior para a campanha de natal, mas seria uma pena se alguém tivesse confundido a empresa e tivessem mandado Leonardo para uma empresa cujo o dono era judeu. Em plena época do Hanukkah. No fim a empresa que era para Leonardo ter ido visitar trocou de agência e Leonardo sentia que em breve iria ser obrigado a trocar de emprego também. Olhou sua passagem: 14. Caminhou até o seu acento e se jogou contra ele. Ele não queria estar naquele ônibus de jeito nenhum.
Délia não tardou a notar a presença de um rapaz alto, loiro, de ombros largos ao seu lado. Ele parecia precisar de descanso. No que será que ele trabalhava? Suas roupas não eram muito formais, então não era negócios; Mas também não eram muito estilosas, então nada ligado as artes; Será que ele era jornalista? Ou talvez arquiteto? Publicitário ou músico desiludido? Ela nunca iria saber se não perguntasse.
-Quer uma bala? - ofereceu a menina de olhos cor de chocolate - É Mentos. - notando o misto de hesitação e surpresa no olhar do rapaz, não tardou em completar - Fica tranquilo, acabei de abrir. Não é um 'boa noite Cinderela'.
-Acho que mesmo que fosse eu aceitaria - disse o rapaz pegando uma - Obrigada.
-Délia.
-Obrigada Délia - disse ele sorrindo.
-Sua vez.
-Perdão?
-Eu disse meu nome, você diz o seu. É fácil. 
-Leonardo.
-Goste. Bem, Leo, você parece estar tendo um dia difícil. 
-Como adivinhou?
-Seus olhos, suas roupas amassadas e você disse que aceitaria um 'boa noite Cinderela'.
-Nossa você deve ser realmente um gênio, Délia. - Ela só estava tentando ser simpática, será que ele não percebia? Melhor mudar de assunto - Está realmente quente lá fora... Quanto será que está? Uns 30°C no minimo?
-Por que as pessoas acham que conversar sobre o tempo com alguém que não quer conversar é menos pior? - Essa doeu. Hora de tirar o time de campo. A moça se encolheu e voltou a ler seu livro, ele não havia sido nem um pouco gentil com ela - Olha, desculpa. Como você disse eu estou tendo um péssimo dia. Eu acho que vou perder meu emprego. Meu primeiro emprego.
-Nossa, lamento. O que houve?
-Trabalho em uma agência de publicidade e me mandaram entregar a campanha de natal a uma empresa que não comemora natal por que o dono é judeu. 
-E você chegou em pleno Hanukkah...
-É, como você sabe disso?
-Minha colega de quarto é judia.
-Você está na faculdade?
-Sim, acabei o 4° semestre agora. Faço arquitetura.
-Que legal. Era minha segunda opção. 
-Publicidade era a minha segunda opção. 
-Isso é engraçado.
-Pois é. E Leonardo fique tranquilo: ninguém é demitido perto das festas de fim de ano. Eles esperam a volta das férias coletivas. 
-Nossa isso foi muito animador. Obrigado.
-Por que você não quer perder o emprego?
-Não é óbvio? É o meu primeiro emprego, minha primeira conquista. Até hoje meu pai não se conforma que ele foi obrigado a pagar faculdade para mim.
-Você só não quer falhar para o seu velho. Tudo bem.
-Eu só quero fazer o que devo fazer. Não quero falhar. Chega de tombos. Quero trabalhar duro, o quanto for necessário, até o dia em que eu abrir minha agência. Depois, vou trabalhar ainda mais.
-Ei, pega leva Scrooge.
-Do que você me chamou?
-Scrooge. 'Um Conto De Natal'? Charles Dickens? Fantasmas dos três natais? Você nunca assistiu os especiais de natal?
-Quando eu era criança sim, hoje não mais.
-Então você nunca leu 'Um Conto De Natal'?
-Não. E o que isso tem haver comigo?
-Parece que é seu dia de sorte Leonardo, por que em casa eu tenho um exemplar prontinho para ser emprestado à você. 
-O que? 
-Quando ler, você vai encontrar o sentido.
-Você é maluca - disse Leonardo rindo.
-Quarta feira você está livre? 
-Quarta feita provavelmente estarei desempregado, então sim. 
-A rodoviária é um bom lugar para você? Para nós nos encontrarmos.
-Eu não acredito que estou mesmo fazendo isso, mas sim.
-Quarta às 18h na rodoviária, tudo bem?
-Por que tão tarde?
-Para dar tempo de você sair do trabalho. Você não será demitido. 
-É o que veremos. E como você sabe que eu vou mesmo?
-Você não tem nada a perder Leonardo. Simples assim. 

Beijos
S.S Sarfati



Estamos a apenas 17 dias do Natal e eu suspeito que vocês saibam que eu sou louca por natal. Sabe outra coisa pela qual sou louca? Escrever. Por isso esse ano decidi unir as duas coisas que eu mais amo e escrever um conto de natal. 
E esse conto terá dezesseis capítulos que vão de amanhã dia 9/12 à dia 25/12, fazendo uma espécie de contagem regressiva para o natal. Ainda não irei contar a história a vocês, só amanhã, mas é algo bem fofinho do jeito que vocês gostam. 
E sim, assim como 'Existe Razão?' foi baseado em 'Eduardo e Mônica', 'Contando Um Conto De Natal' será baseado no clássico 'Um Conto De Natal'. Não que eu não tenha criatividade o suficiente para criar algo totalmente sozinha, só quero estar um pouco mais experiente então histórias baseadas são uma ótima pedida. 
Como eu disse acima, todo dia terá um capítulo novo, mas isso não significa que o blog terá só isso: na maioria dos dias serão duas postagens. 
Quem acompanhou 'Existe Razão?' sabe como eu escrevo e o que eu escrevo, então é mais ou menos isso que vocês podem esperar. Só que um pouco mais natalino, haha.
Eu sei que oficialmente não avisei, mas após 30 capítulos 'Existe Razão?' chegou ao fim ): Por isso nesse fim de ano é isso que nós temos. Já tenho planos para Fevereiro de 2014, mas quem sabe como será Janeiro?

Beijos
S.S Sarfati


Mesmo as pessoas que tem facilidade na arte do desapego sofrem com esse tal negócio de 'deixar ir'. Por que 'deixar ir' é ainda mais difícil do que simplesmente esquecer. 
Esquecer vem do 'enterrar e nunca mais lembrar' enquanto 'deixar ir' vem do 'conviver pacificamente com a lembrança' e nem sempre dá para viver pacificamente com uma lembrança.
E a culpa não é da lembrança em si, e sim de tudo que vem com ela: os sentimentos, os sonhos, a essência, quem você era e quem você jamais voltará a ser. 
Seja uma sensação, um objeto ou uma pessoa,  geralmente tudo atrai coisas a si e o que dificulta de fato 'deixar ir' é como nós, mostrando a fragilidade humana, nos apegamos a qualquer coisa que pareça irreal ou inconquistável para suprir nossa carência. Algumas pessoas mais, outras menos. 
'Deixar ir' só acontece totalmente quando somos capazes de entender que tudo aquilo que veio com o momento, pessoa, o que for, nunca irá de fato se concretiza e tudo ficará no terreno da hipótese. E isso dói. Muito. Conviver com a não realização é uma das coisas mais difíceis que se há.

Beijos
S.S Sarfati

Lip Dub é uma dublagem que algumas pessoas fazem de uma música. É algo super simples de se fazer, tanto que no youtube tem váários. E hoje, foi vez das Angels da Victoria's Secret fazer um desse da música da Taylor Swift 'I Knew You Were Trouble'


E não, eu não vim aqui só para divulgar esse vídeo super bem feito (não devíamos esperar nada menos do que isso né?). Também vim falar sobre as modelos: todas são altas, lindas, jovens, com cabelos de dar inveja a todas as mulheres da terra e.... só. Elas não tem nada mais. Lindas porém sem brilho. E é isso que falta não só com essas modelos lindas, mas no nosso dia-a-dia também: pessoas com brilho próprio, principalmente meninas (é que eu não costumo reparar se  os meninos tem ou não brilho próprio).
As meninas andam cada vez mais iguais com seus cabelos lisos (a maioria com mexas loiras) e com aquela jogadinha de cabelo (pega pela frente, vai até atrás, duas mexidinhas e joga para um dos lados), relógios e pulseiras gigantes, saias curtas justíssimas, uma blusinha mais simples e de sapatilha (qual será o problema delas com salto alto?!). Vai lá, admita, acabo de descrever pelo menos duas meninas que você conhece, se não for você.
Cadê as verdadeiras 'It Girls'? Por que essas 'It Girls' das revistas são uma versão dessas milhares de garotas iguais que vemos por ai. Cadê as meninas de personalidade? Cadê as verdadeiras mulheres?

Beijos
S.S Sarfati