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-Então Délia - disse Leonardo enquanto coçava a parte de trás da cabeça - eu gostaria de dizer obrigado.
-Obrigado pelo que?
-Você sabe, as compras, o livro, essas coisas. Ah, e a companhia também.
-Então a minha companhia foi agradável? 
-Bastante - disse o rapaz ficando com o rosto levemente corado o que deixou ela com o rosto da mesma forma, e para não ficar chato para nenhuma das partes, Délia rapidamente mudou de assunto:
-Esse lugar é muito bonito. A decoração é encantadora. 
-E não é? - risos - Como aqui é uma galeria fica fácil de decorar tudo com tantos detalhes natalinos.
-Por que você não escolheu um shopping? Não que tenha sido ruim aqui, mas talvez lá tivesse mais opções. 
-Eu sei. Mas em nenhum shopping tem a decoração que aqui tem.
-Você não me pareceu o tipo de pessoa que é apegado a decoração de natal - risos. 
-Eu não, mas você é. 
-Como assim?
-Achei que você fosse gostar daqui.
-Então você me trouxe aqui por que sabia que eu iria gostar da decoração? 
-Basicamente sim.
-Nossa, isso é muito gentil da sua parte. 
-Não tanto quanto você me ajudar com essas comprar de natal.
-O prazer foi meu. De te ajudar com as compras e tudo mais. Aliás, por que você foi o responsável para compras os itens da festinha de final de ano?
-Acho que é por que eu fiz besteira. Ou por que até o meio do ano eu era o estagiário. Acho que a segunda opção é a mais provável - risos.
-Então Leonardo, você odeia o natal?
-Não é que eu odeie o natal, eu só não gosto. Acho sem sentido e nada além de um feriado comercial. Sabe essas propagandas de natal que tem por ai que fala do espírito de natal e tudo mais? Só quer que você fique emotivo para gastar mais dinheiro.
-E você acha que eu não sei?
-Então por que você continua gastando?
-É o espírito natalino Leonardo!
-Céus, não bastava ter escolhido a profissão por causa do The Sims, precisa também ser tão ingênua Délia? - disse em um tom de brincadeira não exatamente explícito - Desculpa. Eu não quis de fato parecer grosseiro ou como se estivesse caçoando de você. De verdade, desculpa.
-Continue.
-Continuar o que?
-O pedido de desculpas.
-Eu tenho que continuar?
-Seria adorável.
-Então, eu sou um idiota 90% do tempo tá? Desculpa. Eu não queria ser assim especialmente quando estou com você. Você é tão boa e gentil Délia, que eu me sinto cada vez mais monstro conforme eu passo mais tempo ao seu lado. E eu juro que isso não quis dizer que não quero mais passar um tempo ao seu lado é só.... Eu sou péssimo com as palavras, especialmente quando estou nervoso. Eu me sinto um adolescente toda vez que isso acontece, eu sou tão desastrado com as mulheres que eu não sei como consegui dar o meu primeiro beijo. E você não está interessada em nada disso que eu acabei de falar. 
-Por que você está nervoso?
-Eu não sei. Só sei que não consigo me controlar, por isso que estou me mexendo o tempo todo como pôde reparar.
-Pois é, eu reparei - risos.
-Eu sou péssimo.
-Não é para tanto, talvez só falte um pouco de prática.
-Sabe como eu conheço pessoas novas?
-Pessoas você diz mulheres?
-Não, pessoas mesmo. Eu não conheço.
-Por que tão solitário Leonardo?
-Eu não sei. Mas ficar sozinho, no meu canto, sem respirar e fingindo que não existo parece quase sempre uma opção formidável.
-Por que não sempre?
-Por que em momentos como esse, eu não sei o que dizer. Eu me enrolo com as palavras, digo bobagens e ajo como se tivesse 15 anos.
-Eu não era muito diferente quando tinha 15 anos - risos - Aliás, por que você insiste em estar tão nervoso? Sou só eu.
-Por isso eu estou nervoso.
-Por que sou eu?
-Exato.
-Não deveria. Não estou aqui para te julgar, aliás, ninguém está aqui para te julgar. 
-Você vê? Sempre tão boazinha e eu sempre tão rabugento...
-Scrooge - risos.
-Eu ainda estou lendo livro e não entendi por que me chama assim.
-Continue lendo então! Leonardo, posso te fazer uma pergunta um pouco pessoal? 
-Foi com 17.
-O que ?
-Meu primeiro beijo. Foi em uma daquelas festas de boas vindas que algumas universidades dão. Foi algo trágico.
-Eu consigo imaginar o por que...
-Foi com a filha do reitor.
-Ai! Virou 'o' puxa-saco?
-Exato.
-Bem, Leonardo, não era isso exatamente que eu ia perguntar.
-Ah não? 
-Não.
-Eu te contei tudo isso atoa?
-Sim.
-Eu sou uma vergonha para os meus pais.
-Não diga isso! - disse a menina dando um soquinho de  brincadeira na barriga do rapaz - Eu ia te perguntar por que você não gosta do natal.
-Ah sim. Lembra do acidente da minha mãe?
-Claro.
-Foi na véspera de natal. Ela estava voltando do supermercado. Costumava acontecer grandes festas de natal em casa, com todo mundo rindo e celebrando. Depois do acidente todos nós nos isolamos um pouco também.
-Você vai acreditar se eu disser que lamento?
-Hoje vou sim.
-Mas vocês nunca pensaram em montar algo de novo?
-Não é tão simples Délia.
-Eu entendo - disse ela depositando a mão no braço do rapaz - Estarei sempre aqui. Sempre pronta para celebrar o natal.
-Isso é muito gentil.
-E você não deveria ficar nervoso quando está perto de alguém que também fica nervoso quando está perto de você. Pera, isso foi confuso não foi?
-Só um pouquinho - risos - Por que você fica nervosa quando está perto de mim?
-Eu não sei, apenas fico - risos.
-Então estamos na mesma - risos - que tal eu te deixar em casa? 
-Ótimo. 
***
-Tá vendo aquele portão branco? É ali que eu moro.
-Parece com você.
-Você é a primeira pessoa que me diz que eu me pareço com um casa - risos.
-É que é delicada, como você. E bonita também, só não mais do que você.
-Nossa Leo eu...
-Eu posso te beijar agora? - e a garota apenas olhou fixamente para os olhos azuis do rapaz e sem dizer uma sequer palavra, colocou sua mão sobre a dele. Ele entendeu o que estava tão claro naquele olhar: ela queria ser beijada por ele e foi isso que ele fez.

Beijos
S.S Sarfati

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