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Eu sempre achei que não. Eu sempre achei que fosse destino, acaso. Nada sério. Nada que pudéssemos interferir. Como se a felicidade fosse uma borboleta que, com sorte, decidia pousar em nós. E sendo azar o oposto da sorte, ela decidia ir embora e nada restava a nós, meros mortais, a não ser lamentar o fim da temporada de sorte. 
Mas a maturidade prova-me os meus enganos: jogar a nossa felicidade nas costas da sorte, é desistir de nós mesmos. Se querermos ser feliz, devemos correr atrás. 
Ser feliz é um meio de viagem, não o destino final. 
Eu também costumava achar que as vezes não tínhamos escolha e que éramos apenas vítimas das circunstancias, que nem sempre, eram as mais agradáveis do mundo e que deveríamos aprender a viver com altos e baixos.
Bem, nisso eu não estava tão errada assim.
Talvez o que mais tenha mudado agora, é que eu percebi (ou apenas lembrei algo que eu havia esquecido) que nós sempre temos uma escolha. Nós sempre podemos mudar de lugar se não estivermos confortáveis (por essas e outras que muitos não gostam de lugares marcados). As vezes essas escolhas envolvem consequências que no primeiro momento, machuquem muito. Mas alguns passos adiante, nos abre um arco íris. É muito bom saber que depois da tempestade vêm o arco íris.
Quando dizemos que não temos outra escolha, estamos apenas nos encurralando em uma situação ruim. Impedindo nós mesmos de sermos felizes. E as vezes nos encurralamos, não por mal - óbvio, mas por medo do novo. Por medo da tempestade que pode vir caso decidirmos escolher sair da nossa zona de conforto.
Mas navegar é preciso, certo? 

Beijos 
S.S Sarfati


Sabe, nesses últimos dias, com os últimos acontecimentos, a maior lição que eu pude tirar de tudo isso é: Não importa, eu vou achar.... E não, não é alguém como você. É alguém bem diferente de você. Muito diferente. E de preferencia, mais alto e mais bonito. Não olhe-me com essa cara, posso sonhar não posso? 
Se vai doer largar tudo isso e começar do zero? Demais. Vou pensar em desistir? Com certeza. Vou desistir como das outras vezes? Nunca. Sejamos realistas, tem algo de fato para eu largar? Algo concreto? Não. E é por isso que vou largar. Não é bem largar... tanto por que eu não estava segurando-me em lugar algum. Não tinha nada concreto.
Eu sei que prometi nunca desistir de você, mais do que prometer para você, eu prometi para mim. Eu prometi jamais fazer com você o que já fizeram tantas vezes comigo. Eu me lembro daquele dia e muito mais me lembro daquela noite. Teria como esquecer? O começo de tudo. Se provocar a minha memória, é capaz de eu te falar com exatidão a data, com dia da semana e tudo. 
E naquele tal dia, daquele tal mês, naquelas tais circunstancias tudo começou. Nada com a intenção de tomar o rumo que tomou. Foi algo puro, inocente... Adorável, se permite-me dizer. Acho que foi esse não querer querendo que fez algo casual tornar o que tornou-se. Foi em um período tão curto e ao mesmo tempo tão intenso... Queria entender o que foi e talvez, levar isso para as minhas próximas relações. Talvez você devesse fazer o mesmo. Nós dois sabemos que o desastrado em relacionamentos aqui é você. E não estou falando do tipo que nós tivemos, qualquer um. 
O começo foi a parte mais difícil, se é que houve uma parte difícil mesmo. Fluiu tudo com tanta naturalidade... Nem precisamos fazer esforços. Foi fácil para você confiar em mim e foi fácil para mim deixar ser confiável. Eu sempre sou assim, mas sei que contigo é diferente. Você não é assim. E esse foi um dos motivos que me iludi ainda mais.
Depois de começado foi só correr para o abraço. Conversas metidas a inteligentes, falávamos sobre tudo: pessoas, religião, música grunge, política... Até que essas conversas tornaram-se pessoais: falávamos sobre nós, nossos sonhos, medos, angústias, famílias... Nós dois sabemos como esse tema é delicado. Ríamos de piadas bobas que apenas nós somos capazes de entender, explicávamos sobre assuntos que nós mesmos desconhecíamos. Fingíamos ser inteligentes, articulados, loucos a nossa maneira. E não é que nossa loucura combinava? 
Você se lembra como costumávamos passar nossas madrugadas de verão? Das piadas de humor sujo que contávamos? Acho que você foi quem mais conviveu com meu lado mais moleque. Mas admita, eu ficava gatinha quando vestia aquela sua camiseta de banda, velha e desbotada. Aquela que você odiava que eu pegasse para usar, mas adorava quando eu a devolvia com meu perfume. Posso te contar o meu segredo? Eu tomava banhos de perfume antes de devolve-la. Antes não: curtia sentir seu cheiro ao longo do dia.
E então ficamos envolvidos. Sim, e como! Sentíamos falta e não ligávamos em demonstrar. Tinha nossa lista de filmes que iria estrear que iríamos com certeza. Pessoas que não queríamos nos tornar quando tornássemos grandes. Nunca expomos muito o que tínhamos. Não sei se é por que ambos somos discretos ou por medo de alguém arruinar. Ou os dois. Mas algumas amigas minhas sabiam, e eu sei que amigos seus também sabiam. Pensando o que? Fui capaz de conquistar a sua confiança, também seria capaz conquistar a dos seus amigos. E olha que você era o mais exigente. 
Mas quando vimos, essa tinta vermelha que nós eramos começou a se diluir. Água, água, água. Achamos que eramos de acrílico mas nos enganamos. Eramos feitos de guache. Nós não, nossa relação. Ou seja lá o que aquilo foi ou ainda é, não sei. Em vários momentos eu falhei, admito. Mas tampouco você fez sua parte. 
Agora cá estou eu, professando frases que contam a nossa história. Para quem? Não sei, para quem quiser ouvir. Há uma porção de bons ouvintes por ai. E eu sugiro que você vá atrás de uma dessas. E de preferência loira. Eu sei que você diz gostar das morenas, mas a única morena que eu já te vi acompanhado fui eu. Ela era loira. Não natural, mas ainda sim. 
Então eu estou mesmo desistindo de você? Conto e contarei quantas vezes for necessário nossa história e pergunta-me se um dia irei arrepender-me? Jamais. Eu disse e não retiro: foi curto mas foi intenso. Não sei se me sentirei assim novamente ou se você vai, mas não quero deixar o sentimento morrer. A única dúvida que me resta é se para você foi que nem foi para mim. Será? Nunca terei a resposta. Talvez eu vá me juntar com Bentinho na fila dos duvidadores de plantão ou talvez eu deixe isso junto com o cd com as nossas músicas. Que ficará guardado lá no fundo da minha gaveta. Junto com a camiseta que eu roubei sua. Não pensou que eu iria sair dessa sem levar nada, pensou? (E eu sei que você está com os all stars que esqueci a última vez que fui ai... Faz tanto tempo que quase havia me esquecido deles! Eu sei que você sempre admirou o jeito que eu os deixava no mais perfeito mal estado...)Apesar de ficar linda com ela, quero-a para mim para ter uma lembrança do teu cheiro.  Ainda que fotografias não tenham esse poder. Você se lembra quantas fotografias nós tiramos? E como você odiava? Em algumas você está medonho, em outras você está simplesmente... meu. 
Você quer mesmo saber se me arrependo, por um único instante, de ter me aproximado de você aquele dia? Jamais. A vida está ai para ser vivida, o que vem com ela é brinde. E você foi um dos bons.

Beijos
S.S Sarfati


Era uma outra vez... Uma menina que se sentia diferente das demais pessoas daquela cidade. Talvez por que ela fosse mesmo diferente. Ou ela era igual e tudo isso era uma questão de ponto de vista. Bem, ela nunca tentou descobrir ao certo, ele nunca esteve de fato interessada nisso tudo.
Pois bem, essa menina nunca entendeu muito bem qual era sua função no mundo. Sempre achou-se meio avulsa a algumas coisas e a maioria de pessoas. Mas ela era esperta, sabia esconder tudo isso. Um sorriso bem dado era capaz de esconder tudo e ela sabia disso. E tirava vantagem disso o tempo todo. Alias, fingir que tudo estava perfeito era um dos seus passatempo prediletos. 
Primeiro de tudo, ela sempre tentava ver tudo do lado bom. Como o jogo do contente da história da Pollyanna que lera quando menor, lá pelos seus seis ou sete anos. Segundo, ela era orgulhosa. Muito orgulhosa. Em demasia. Não fazia seu estilo admitir que algo não ia bem. Ela jamais iria admitir uma fraqueza. Talvez nem fosse fraqueza realmente, mas na cabeça dela era. 
Ela adorava e odiava sua condição de ser vivente: adorava ser um pouco diferente das demais pessoas, especialmente as meninas, da sua idade porém odiava não encontrar ninguém diferente como ela. 
Aquele lugar era diferente dela. As vibrações que por lá tinham não eram iguais as dela. O jeito que ela se divertia, não era o mesmo jeito que se divertiam por lá. 
A culpa não era da cidade. Tadinha.. Culpar a cidade. Eram as pessoas mesmo. As vezes ela se sentia na cidade de Footloose (o filme, vocês provavelmente já ouviram falar). As pessoas eram conservadoras e tudo mais, ela já não tinha mais paciência para aquilo. Ser conservador era tão década de 60... E a cidade não era do tipo parada no tempo. Tinha até shopping. Dois! 
Mas ela gostava de agito. Não do agito de uma noite ficando louca e perdendo o chão. O agito de sempre. Uma vida agitada era a melhor coisa para recarregar sua energia. Sair, dançar, se divertir, improvisar... Essas coisas. Ela apenas queria viver uma vida digna de "carpe diem". Há uma música em que diz "sua loucura combina com a minha" e bem, talvez isso que ela realmente quisesse. Uma loucura que combinasse com a dela. Talvez ela fosse louca demais ou talvez louca de menos. Mas será que faria diferença agora? Era uma outra vez uma menina que queria recomeçar sua história em outro lugar. De preferência, longe dali.


Beijos 
S.S Sarfati