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Este ano eu decidi fazer uma lista com os textos que eu mais gostei de escrever ao longo do ano. Nem sempre são os textos mais bem escritos ou com as melhores ideias, mas com certeza são textos que me tocaram muito na hora de escrevê-los ou até mesmo hoje que fui lê-los. 

Rent
Estômago
Tatuagens que eu faria (naquela época, hoje não faria mais haha)
Footloose 1984 x Footloose 2011
Seu filme favorito pela primeira vez
Sebo
Prédio velho
Quatro meses
Quando estiver triste frite um ovo
Odiei-me por Odiai-me
Divergente
Duas pessoas iguais, duas pessoas diferentes
Feliz dia das mães
Não basta ser vanguardista
Sonhos são quantificados
Meu primeiro livro
Então a gente se encontrou novamente...?
Xô, Xaveco
A menina das mil paixões
As coisas não são como parecem
Dá para ser bonita e inteligente ao mesmo tempo?
Batom Vermelho
Meus dias de cineclubista
Eu só cometi um erro perfeito
Nós nunca dissemos adeus
Ensino Médio
Neste caso, recuse apenas
Então daqui 15 anos talvez eu já seja mãe...?!
Por que tudo começou com um sim

E aí, esqueci de algum que vocês gostavam mais?
Beijos
S.S Sarfati


Falta poucas horas para o Natal e eu ainda não escrevi nada a respeito, estou até estranhando: sou simplesmente louca por Natal desde que me entendo por gente. Não gostava apenas da infinidade de presentes bonitos que meus pais me davam, mas desde sempre gostei daquele clima de Natal que ficava nas ruas e especialmente em casa. Eu gostava (e ainda gosto) daqueles especiais de Natal que passavam na semana do Natal e especialmente daqueles que passavam na madrugada do dia 24 para o dia 25, era o único dia do ano que meus pais me deixavam virar a noite, afinal, eu queria brincar. Talvez minha lembrança favorita dos meus natais passados era aquela expectativa de terminar logo de comer para poder brincar, mesmo sabendo que os brinquedos muitas vezes ainda teriam que ser ser montados. Era mágico. Mas não tão mágico quanto a felicidade que eu ficava quando meu pai acabava de montar meus brinquedos, ai como eu me sentia completa!
Faz tempo que ninguém mais precisa montar meus presentes de Natal, afinal, faz muito tempo que não brinco mais e por isso não ganho mais brinquedos. Durante muito tempo me senti vazia durante o Natal e sempre culpei o fato de não ser mais criança e não ganhar mais brinquedos, mas finalmente entendi que aquele sentimento mágico que eu sentia não vinham dos presentes e sim por estar com pessoas que eu amava fazendo algo que eu gostava (no caso, brincar). E é este o verdadeiro significado do Natal: estar com pessoas que você ama. Então posso dizer que sou sortuda o suficiente para dizer que recebo presentes de Natal o ano inteiro. Por que mais do que um feriado, Natal é um estado de espírito em que todos estão unidos com o mesmo propósito. Então por essas e outras o Natal não deve ser apenas uma vez por ano, deve ser o ano inteiro. Amando e respeitando o outro, sendo carinhoso e gentil.
Este ano recebi o melhor presente de Natal de todos: os melhores e mais maravilhosos amigos que alguém poderia ter. Talvez eles não sejam os melhores amigos da maneira mais tradicional, mas da maneira exata para que eles iluminem minha vida. E eu fico grata por ter finalmente entendido o verdadeiro significado do Natal. 



Feliz Natal! 

Beijos
S.S Sarfati


Lembro-me da primeira vez que escutei a música "School's Out" do Alice Cooper. Eu estava no primeiro ano e apesar de todo aqueles sonhos de alguém que acabou de entrar no primeiro, eu estava doida para acabar o Ensino Médio. Eu estava doida para começar a vida adulta, para crescer, para experimentar e descobrir coisas novas. No fundo eu estava apenas doida para viver um pouco, coisa que eu nunca tinha feito antes. 
O que eu não sabia era que para começar a viver eu não iria precisar de um grande marco na minha vida como terminar o Ensino Médio/entrar para a faculdade e sim um grande marco no meu pensamento. Eu iria precisar começar a pensar diferente, agir diferente, para que as coisas pudessem começar a ser realmente diferentes. Ou nenhuma dessas conquistas teriam realmente valido a pena. 
Quando eu percebi isso fiquei bastante desolada, confesso, e fiquei mal por um tempinho. Não entendia o que eu estava fazendo, por que estava fazendo ou para quem eu estava fazendo e simplesmente não via sentido na maioria das coisas que eu fazia ou pretendia fazer. Então eu joguei tudo para o alto, absolutamente tudo: boas notas, bons relacionamentos com todos e todas as outras coisas que eu não via um objetivo genuíno em estar fazendo. Claro, que não virei baderneira nem coisa do tipo, eu estaria só fazendo tipo e não haveria diferença alguma em virar uma baderneira ou continuar sendo perfeitinha uma vez que nenhuma das duas opções me agradavam. 
Eu fui apenas eu mesma e fiz do meu jeito. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. 
Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito por que independente do resultado, foi algo feito por mim. Foi a primeira vez que eu vivia as consequências das minhas escolhas e não das escolhas que haviam feito por mim. Eu já estava infeliz então o quanto pior poderia seria ser infeliz da minha própria maneira? E foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Quando você chega ao fundo do poço sozinho, você sabe que você só vai sair de lá sozinho. 
Eu me tornei exatamente quem eu tanto queria ser quando acabasse a escola, eu mesma.
Então acabar a escola se tornou algo triste e sem sentido para mim, eu já era quem eu queria ser e estava feliz por estar onde estava. E tudo isso simplesmente por que eu havia aberto a cabeça a novas ideias. 
Mais do que apenas aprender conteúdos que adultos bastante graduados consideram essenciais para que eu seja considerada alguém, eu aprendi a pensar e principalmente a viver. E este é o grande ensinamento da escola, mas que na maioria das vezes se perde em meio a conteúdos para o vestibular. Do que adianta passar anos na escola se eu não sair de lá nem um pouco melhor do que quando entrei? Por que frequentar uma escola que vai me fazer sair cada vez mais máquina e menos humana?
Eu levei umas duas semanas depois de ter pego o resultado de 'aprovada' para conseguir escutar 'School's Out' e entender que embora aquela fosse mais minha música do que nunca, ainda não fazia sentido para mim e talvez nunca fizesse.

Beijos
S.S Sarfati


Eu nunca realmente perdoei alguém, talvez por que ninguém nunca tenha feito nada que eu julgo que devesse ser perdoado. Lógico que já pisaram na bola comigo, que já me fizeram esperar duas horas e perder a sessão do cinema, mas "perdão" é algo muito mais forte do que  "Desculpa?" "Tá desculpado".
Primeiro de tudo, eu não me julgo capaz de perdoar ninguém. Acho isso algo muito grandioso para uma ralé como eu fazer, mas se mesmo assim eu precisasse perdoar alguém, acho que o perdão mais difícil seria perdoar meu pai: eu queria ter tido um pai amoroso, eu queria ter tido alguém que me amasse, eu queria ter um pai amigão o qual eu conversaria toda semana, mas ele nunca quis nada disso e nunca nem se importou com o que eu queria ou o que era importante para mim: as vontades dele eram supremas e nelas que se baseavam todas as decisões. Ele era, e ainda é, egoísta.
Eu não estou pronta para perdoar: seja o egoísmo do meu pai, seja ele em si. Não estou pronta para dizer que superei, não estou pronta para mentir para mim mesma. Eu fui a uma terapeuta que disse que meu pai deveria ter uma morte psicológica para que eu pudesse seguir em frente e eu não sei se eu concordo com ela: quer dizer que eu tenho que matar meu pai para que eu possa seguir em frente? Por que eu não posso simplesmente não me importar e seguir minha caminhada? 
A questão é que eu não faço a miníma ideia de como matar meu pai. 
Essa frase fora do contexto me traria (ou talvez ainda traga) vários problemas. 
Neste caso, escolher matá-lo seria escolher acabar com as lembranças ruins, mágoa, dor assim como acabar com os momentos felizes. E alguns momentos felizes são felizes demais para fingir que nunca existiram.
Honestamente não sei como vou fazer isso ou até mesmo quando e se vou fazer isso. Eu só quero viver em paz. A paz que eu nunca tive.
Eu não quero viver o resto da minha vida me sentindo um efeito colateral dos feitos dele, eu sou mais do que isso! Eu sou alguém e sei que tenho uma vida linda pela frente, só preciso descobrir como faço exatamente para encontrá-la e aproveitá-la. 


Eu tento respirar daquele jeito que aprendi na aula de yoga, mas simplesmente não consigo. Na verdade, eu não consigo nem fazer aula de yoga. É tudo tão parado, acho que preciso de um esporte mais dinâmico ou esporte algum. Acho que esporte algum é a melhor opção.
Sou muito preguiçosa até para ir relaxar na aula de yoga. Eu fico esperando o momento certo que vou relaxar,  o que vai me deixando mais tensa e no fim eu saio da aula de yoga tão tensa que eu preciso de um remédio para dor de cabeça. No final das contas acho que yoga não está funcionando para mim. Na verdade, eu nunca gostei de fazer nada que movimentasse meu corpo. Só estar com o Heitor, mas não vou entrar em mais detalhes do que isso, não mesmo.
Ao contrário de mim, ele gosta de fazer exercícios físicos. Qualquer tipo. Eu me lembro que quando teve aula aberta de zumba na academia dele, ele foi comigo só para ver se eu me animava. Advinha quem fez matrícula? Não fui eu. 
Eu comentei este fato um tanto 'incomum' (vamos lá, quantos namorados vão à aula de zumba para animar a namorada e no fim ela desiste e ele continua assídua?) com uma amiga e ela riu da minha cara. Quando eu perguntei a ela por que ela estava rindo de mim, ela apenas disse que era questão de tempo até que acabássemos e eu estivesse atrás de um lugar para morar. Que tipo é esse de amiga que eu tenho?!
Eu logo imaginei que ele fosse o único homem da turma, mas e daí? Vou chegar para ele e disser que ele está proibido de frequentar um lugar com muitas mulheres? Quem sou eu para proibi-lo de algo? Eu conheço ele a tempo o suficiente para conhecer e confiar no caráter dele. Eu sei que ele jamais me trairia, ainda mais em uma aula de zumba. E tirando que se eu começasse a "proibi-lo" de ir à alguns lugares, eu daria o direito que ele fizesse o mesmo comigo e eu prefiro morrer a ver alguém me proibindo de ir a algum lugar. 
Eu simplesmente não entendo por que algumas pessoas começam a namorar se elas não estão prontas ou se elas não conseguem confiar plenamente no outro. Para que namorar alguém que não confia em você? É como se ela dissesse "Eu te amo, mas eu não confio em você. Então eu não te amo tanto assim, tá?". 
No fim das contas ele ainda está fazendo aula de zumba e essa minha amiga ainda está contando os dias para que a gente termine. Já disse que era inútil, mas ela não quis saber. No fim do dia o que importa é que eu vivi da melhor maneira possível, sem crise de ciúmes.


Eu bebo muito café. Muito mesmo. O Heitor brinca que quando eu tiver que fazer exame de sangue vão encontrar só café e nada de sangue. Eu adoro o sabor, seja quente ou seja frio. Na verdade acho que café é a única coisa que eu gosto o tempo todo e independente da temperatura.
Eu não gosto das coisas mornas. E não falo apenas da temperatura do meu Café Latte. Tudo na minha vida. Ou sinto ou não sinto. 8 ou 80. Talvez por este motivo eu tenha demorado tanto para me decidir com o Heitor ou não. Quis escutar o chamado da paixão.
Se bem que ficar com esse pé atrás para tudo do jeito que eu fico não seja algo necessariamente bom. O dia que eu escutei o chamado poderia ser tarde demais e ele poderia estar de casamento marcado com alguma mulher loira e alta chamada Daniela. Foi um risco bem grande que corri, admito.
Eu esperei o momento certo. Ele esperou o momento certo. Nós esperamos o momento certo. Tivemos sorte que os dois esperaram o momento certo e que ele foi certo para os dois, por que o mais fácil e provável ter acontecido era termos sido as pessoas certas, mas revelado isso na hora errada. Acho que nós gostamos de flertar com a dificuldade embora o destino não tenha nos deixado fazer isso.
Nós temos a questão do café assim como alguns casais tem a questão da pasta de dente. A questão da pasta de dente é aquela incompatibilidade quase que crônica que um casal tem de cada um apertar a pasta de dente de um jeito. Um aperta no meio enquanto o outro aperta no finalzinho e a confusão está feita. Heitor e eu temos a questão do café: enquanto eu sou viciada em cafeína, Heitor é mais moderado, tão moderado ao ponto de gostar desse tal café descafeinado. 
Eu sei que disse adorar qualquer e todos os tipos de café, mas é por que eu não considero café descafeinado um tipo de café. É só uma bebida qualquer que se aproveita do nome e do sabor do café para vender. Se não tem cafeína, por que bebe-la? É a mesma coisa que beber água. Mas o Heitor não concorda e faz a maior campanha para eu largar a cafeína. Ele até já misturou os dois tipos de café para que eu bebesse, mas como ele sujou a caneca eu notei que ele tinha feito uma e fiquei provocando-o até que ele falasse o que tinha planejado. Ele acha bobagem sempre comprarmos dois tipos de café ao invés de um e eu também acho. Nisso concordamos, mas nenhum dos dois está afim de mudar as preferencias na hora do café. E acho que vamos ter que conviver com isso, mas pelo menos concordamos com a maneira de apertar a pasta de dente: no final!


Eu me lembro quando o Heitor quebrou a clavícula há uns anos atrás enquanto andava de bicicleta com uns amigos (e uma amiga em especial, mas não vou tocar nesse assunto agora) e quanto ele reclamou, Homens são conhecidos por serem chorões quando estão doentes, machucados, mas o comportamento dele foi um excesso. 
Ele quebrou a clavícula no início das férias de Julho dele (boas férias, professor) e por isso não pode fazer mais nada além de reclamar jogado no sofá o quanto estava doendo e o quanto ele odiava aquela situação. Isso por que não era nem sempre no sofá dele. Ele fazia questão de passar os finais de semana lá em casa. Ele simplesmente aparecia, não era convidado nem nada. Eu chegava do trabalho e ele estava na minha porta me esperando. O feriado de Nove de Julho foi em uma Terça Feira então emendou com o final de semana e quem disse que ele foi embora? Ele passou os quatro dias aqui e bem, foi bastante divertido, mas eu queria sair e aproveitar, mas eu não podia. 
Eu acho que ele já gostava de mim naquela época. Eu acho que eu já gostava dele naquela época também. 
O meu ponto é: por que demoramos tanto tempo para compartilharmos sentimentos que eram mútuos? Se era por medo de alguma coisa acabar, não estamos livres disso agora só por que somos mais maduros e faz muito tempo que passamos da casa dos vinte e cinco. Quero dizer, tudo isso pode acabar. Nós podemos terminar amanhã e eu tenho certeza que vai doer tanto ou até mais do que se tivéssemos começado com tudo isso quando éramos mais jovens. 
Quando se é jovem, errar não dói tanto e é sempre tempo de recomeçar. Se terminarmos, bem, vai ser no minimo complicado: vai ser difícil para os dois começar do zero, especialmente pro Heitor com aqueles amigos babacas dele e com os trinta anos pesando nele. Não que para mim seria fácil, tanto por que eu estaria sem meu melhor amigo. Mas não quero pensar nisso. Não quero pensar que nós vamos terminar, mas também não quero pensar que vamos ficar juntos para sempre. Não vou mais pensar nisso. 
Só para terminar a história da clavícula, quando ele melhorou, fizemos uma tatuagem juntos. Eu fiz alguns pássaros na clavícula e ele fez uma águia nas costas. 


O marinheiro desbrava os oceanos a medida que as tempestades e outros obstáculos surgem na sua frente assim como eu vou crescendo a medida que os acontecimentos me obrigam a isso. Não tente me dizer que preciso estar preparada por que não vou estar até que o momento chegue. Sou assim.
Eu só estive preparada para o meu primeiro emprego quando o meu primeiro emprego chegou, eu só estive preparada para um relacionamento sério quando o Heitor acordou um dia de manhã e disse que estava apaixonado por mim e que de certa forma sempre esteve. Vê se dá para se preparar para uma coisa dessas?! Não! Não é como se existisse uma 'Escola Preparatória Para Receber Paixões'. E mesmo que existisse, eu nunca frequentaria - ninguém nunca se apaixonou por mim. Ou pelo menos nunca que tenha me contado. Arrisco a dizer que nem o Aurélio se apaixonou por mim. Acho que no fundo estávamos juntos por comodidade: éramos amiguinhos, solteiros, último ano e sentíamos atração pelo outro.
Eu não posso dizer que a coisa que mais me atrai em um homem é a aparência, mas posso dizer, ou ao menos tentar, quantos relacionamentos eu não tive pela simples falta de atração. O cara não me despertava nada, eu era indiferente a ele então eu nunca entendi por que me envolver com alguém por quem eu era indiferente. Às vezes o cara poderia ter todas as qualidades que eu esperava em alguém, mas faltava tempero, aquela atração básica, aqueles defeitos legais pelos quais eu pudesse me apaixonar. Defeitos são mais importantes que qualidades pois são eles que atraem e eles que apaixonam ou não. Qualidades são coisas boas, você passa por cima facilmente enquanto os defeitos marcam. 
E quando eu digo atração, não estou apenas falando da físcia, daquela com realização carnal, Estou falando da mental e psicológica também. Esta que você realiza conversando e essa que você realiza conhecendo, ambas pela convivência. 
Talvez eu esteja falando bobagem, mas com amigos sempre há atração mental, amantes atração física e cúmplices atração psicológica. Feliz é aquele marinho que navegando pelos sete mares foi capaz de vencer os obstáculos e encontrar estas três características em uma única pessoa.


Fecho os meus olhos e me concentro nos sons que escuto. Barulhos domésticos: o barulho do chuveiro, da televisão um poupo mais alta do vizinho do lado, a festinha que o vizinho de cima está dando a julgar pelos barulhos de vários e vários pés. Eu não estou reclamando, quero dizer, não sou dessas chatas que reclamam de tudo e/ou de uma festinha de adolescentes. E como sei que são adolescentes? Bem, eu sei que um dos moradores é adolescente então eu julgo de forma bastante precipitada que a festa é dele com seus outros amiguinhos adolescentes.
Sei que ele é adolescente por que já encontrei com ele no elevador e rolou aquela conversinha de elevador e lógico que foi ele que puxou por que eu sou do tipo que entra, dá bom dia e fica muda. Inclusive, acho muito desconfortável ter que cumprimentar as pessoas no elevador.
Eu gosto de som ambiente, aquele barulho silencioso. É algo agradavelmente perturbador. 
Às vezes, tarde da noite ou até no meio da noite, eu gosto de deitar sobre o peito do Heitor e escutar os batimentos do coração dele. Parece estranho, mas me acalma. Eu gosto de sons regulares, como batimentos de coração. No começo ele estranhava e até acordava e perguntava se eu estava bem, hoje ele entende, só me abraça e volta dormir. 
Ao longo da minha vida eu fiz muita bagunça com ela, eu tive medo da ordem quando ela era tudo o que eu precisava e gostar de coisas bastante regulares como o som do coração é a maior prova disso. O som do coração é perfeito. Além do mais, há coisa mais bonita do que o som do coração?
É puro, é sensual, é ritmado, é apaixonado, é ritmado. Ritmo que por sua vez acalma, ritmo que inerva. Você pode se perder, mas você pode se achar. 


Quando Dezembro chega é preciso começar a pensar em uma coisa: o que será de nós nas festas de final de ano? Parece bobagem, mas se você não se planejar com bastante antecedência você fica sozinho nessas festas e ninguém merece ficar sozinho nessas festas. Especialmente no Natal.
De todo modo, Heitor e eu já nos decidimos sobre as festas de final de ano: a véspera de Natal na casa da mãe dele e o almoço na casa do meu pai. E adivinhem só o que vamos fazer no Ano-Novo? Viajar! Estou tão animada! 
Nós vamos viajar de carro e eu adoro viajar de carro, especialmente quando é o Heitor dirigindo. Eu sei disso por que já viajamos juntos de férias antes, mas não exatamente da maneira que vamos fazer este final de ano pelo simples fato de não estarmos namorando antes e agora estamos. Bobeira. Quero dizer, nem sei se algo vai realmente mudar entre a gente. 
Até agora nada mudou. Ainda temos aquela dinâmica de amigos, sabe? Realmente "feliz daquele que tem o amante e o melhor amigo na mesma pessoa". É tão mais simples: quando eu estou com um problema eu posso conversar com o Heitor e quando eu estou com vontade de dar uns amassos eu também falo com o Heitor. Viu, muito mais simples do que antes quando eu tinha que buscar alguém para dar uns amassos. Mesmo quando o Heitor faz algo que me chateia eu tenho a liberdade de falar isso para ele e também pulamos aquela coisa de início de relacionamento onde um tenta ser perfeito para o outro: já sabemos das nossas falhas e das falhas do outro então não tem o que ou por que esconder algo. 
Em começo de relacionamento mais do que tentar esconder nossos defeitos para o outro, nós tentamos esconder nossos defeitos para nós mesmos por que achamos que só seremos amados se formos perfeitos, quando é exatamente ao contrário: nós seremos amados pelos nossos defeitos. Por que qualidades, bem, qualidades é algo fácil e gostoso de lembrar e ressaltar enquanto defeitos nem tanto e é sobre isso que é amor: lembrar dos defeitos de alguém e decidir que eles não importam tanto assim. Por exemplo, o mau humor do Heitor é uma coisa que faz dele único (sério, eu nunca vi alguém tão mal humorada como o Heitor), mas não é apenas o mau humor dele: é a maneira que ele lida com o mau humor dele que me faz amar ainda mais ele. Ele sabe quando está mal humorado, e quando está, faz piada com isso. Fazer piada é a qualidade do Heitor, mas do que seria essa qualidade se ele não tivesse um defeito para tirar sarro? 
Eu não sei como isso é para ele e vocês muito menos: quem está contando esta história sou eu e eu posso estar inventando tudo isso.
Supondo que eu esteja falando sério, digo que Heitor e eu vamos para um hotel fazenda para a virada de 2015, é há umas quatro horas daqui e fica entre uma montanha e um rio. E eu já disse que eu odeio trilhas enquanto o Heitor é louco por elas? Bem, acho que ele vai entender que é só um defeito meu e deixar de lado. Ou fazer uma piada. Ou os dois, se é que tem como.


Eu já tive uma dezena de cabelos diferentes. Ok, estou exagerando em dizer que mudei meu cabelo dez ou mais vezes, mas no fundo o que eu quero dizer é que eu já mudei várias vezes o meu cabelo. E não estou falando apenas do corte, a cor também - e principalmente.
Agora vai a bomba: quando eu conheci o Heitor, quando eu namorava o Aurélio, eu tinha cabelo vermelho. E não estou falando de cabelo ruivo, eu estou falando de um cabelo vermelho fogo, cor de peruca. Eu basicamente tinha uma peruca colada na cabeça. Perguntei para o Heitor se ele se lembrava qual era a cor do meu cabelo quando eu o conheci achando que ele iria errar ou não se lembrar, mas ele não apenas lembrou da cor quando nos conhecemos, mas como das outras cores, na sequencia, e ainda teve a ideia de fazer um mural com fotos nossas no quarto. Diz se o Heitor não é um sonho? O único detalhe é que ele quer uma foto nossa com cada cor de cabelo que eu tive. Eu ainda acho o Heitor um sonho. 
Depois de ter cabelo vermelho, eu mudei ele para castanho, loiro e ruivo - sim, vermelho também só que sem parecer peruca. Ai eu cansei (e meio que cansei de gastar dinheiro com isso) e voltei para minha cor natural há uns dois anos atrás: o bom e velho preto. Eu tenho minhas dúvidas se preto combina realmente comigo, mas acho que passei tanto tempo mudando que fiquei com medo de enxergar o óbvio: que eu era naturalmente bonita. 
Eu nunca me considerei bonita por não ser perfeita quando, na realidade, uma coisa não está ligada a outra. Eu sou bonita e sou imperfeita, mas tinha medo de enxergar isso por que o dia que eu visse isso seria o dia em que eu me libertaria das minhas amarras e passaria a viver melhor, mas eu nunca soube como era viver melhor e tinha medo de aprender.
Eu era tola.
A vida toda eu fiquei tentando mudar coisas pequenas, bobagens, simplesmente por que achava que as coisas deveriam mudar, mas nunca tentei entender a fundo o que essas mudanças significavam - tanto por que elas não significavam nada. É como naquele verso de Drummond "Se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima e não uma solução". Às vezes nós só mudamos o que é fácil de mudar, mas quase nunca o que é fácil resolve alguma coisa.


Sabia que o sabiá sabia assobiar? - É a primeira coisa que penso quando me deparo com a palavra "sabiá". Eu tenho alguns pensamentos aleatórios sobre assuntos nada haver, sei que é estranho e que é complicado, mas eu não consigo ser diferente. 
Por exemplo, agora, sem motivo algum, vou compartilhar que algumas horas atrás eu estava um bocado nervosa por ir encontrar os amigos do Heitor. Quero dizer, que já havia encontrado-os casualmente algumas vezes, meio sem querer, mas agora eu sou a namorada dele, é totalmente diferente. Não sei explicar direito, não é como se não me conhecessem, mas vão me ver com outros olhos. 
No final eu percebi que foi bobeira ter me preocupado tanto, os caras são legais. E suas esposas também. Sim, praticamente todos têm esposas: menos o Fabrício, que está noivo e casa mês que vem. E o Heitor que apenas namora. Se eu tivesse este mesmo círculo de amigos eu também estaria surtada há uns meses atrás sendo a única "solteirona" do grupo. Ele devia escutar várias piadas, não que ele não escute agora por não estar em um relacionamento sério propriamente dito mesmo que já moremos juntos. Se morar junto não é um relacionamento sério eu não sei o que é. Eu só sei que a maioria das minhas amigas são solteiras e algumas delas adorariam estar no mesmo relacionamento de brincadeira que eu estou. 
O que eu estou querendo dizer com tudo isso é que apesar dos caras serem legais e tudo mais, eu não gostei deles. Eles estão sempre tirando sarro de alguma coisa, mas não é apenas de alguma coisa. É de alguém. E quando esse alguém é você não é legal, mas menos legal ainda é esse alguém ficar machucado com isso e você que ama esse alguém não poder fazer nada a não ser dar risos tímidos para se enturmar. 
Ok, muitos dos defeitos que eles disseram que o Heitor tem é verdade, eu moro com ele e eu sei, mas em momento algum eles ressaltaram que o Heitor é o cara mais inteligente daquele grupo de babacas. Homens não são tão sensíveis quanto mulheres, tudo bem, mas eles ainda são humanos e não é por que você é um cara que você não pode ficar chateado com algumas merdas que você escuta sobre você. Como eu sei que o Heitor ficou chateado? O caminho de volta foi em completo silencio. Ele não foi grosseiro comigo, mas eu vi que por trás das lentes grossas que ele usa, tem um cara magoado. E eu quero bater em quem fez isso com ele. E eu quero bater ainda mais no idiota que disse que homens só podem se reunir para falar bobagens  - como se eles fossem incapazes de terem uma conversa séria. Talvez os amigos do Heitor, mas não ele.
Pensando melhor, eu odeio os amigos do Heitor.


Acho curioso como o substantivo "verão" que diz respeito a estações do ano é extremamente parecido com o verbo "ver" no futuro, "verão". Acho que isso contribui um pouco com a ideia de que o verão sempre é a estação do ano que mais demora para chegar, pelo menos para mim.
Usando estas duas palavras como eu exemplo eu digo mais: há várias coisas nessa vida que aparentemente são iguais, mas no final não poderiam ser mais diferentes.
Amor é uma dessas coisas.
Quando se é criança e você está aprendendo o que é amor, você acha que amor é o sentimento de gostar de alguém e acha que amor é sempre igual quando pelo contrário, amor é sempre diferente. Você nunca ama a mesma pessoa duas vezes da mesma maneira e nunca ama duas pessoas de uma maneira igual. Vou tentar ser mais clara:
Eu amo o Heitor há uns dez anos, mas de no mínimo umas três maneiras diferentes: primeiro eu amava-o como um amigo do fundo do ônibus, depois como o meu melhor amigo que estava sempre pronto para me segurar quando eu fosse cair e agora como aquele cara por quem eu sou louca. Sim, eu sou simplesmente louca por ele de uma maneira que eu nunca fui por ninguém.
Quando eu namorava o Aurélio, muitos e muitos anos atrás, meu amor por ele era diferente, era algo mais puro, algo mais "meu primeiro amor" enquanto hoje, amando o Heitor, é algo apaixonado, carnal e não vejo problema algum em amar pessoas de maneiras diferentes, afinal pessoas são diferentes entre si.


Eu me lembro da vez que esqueci do aniversário de vinte e sete anos do Heitor. Ele ficou muito chateado comigo, só que ao invés de chegar e dizer  "Hey Nad, por que você tinha que esquecer meu aniversário? Estou muito chateado com isso", ele ficou me jogando indiretas sobre o assunto - eu já disse o quanto sou péssima para pegar indiretas? - durante dois meses. Sim, eu demorei dois meses para perceber.
Qualquer que fosse o aniversário até se alguém tivesse gritado "Fessor, hoje é aniversário do Fulano hoje!" no meio da aula dele ele me contava. A minha defesa é que neste caso eu achei que era por que ele precisava compartilhar com alguém os prazeres ocultos (e os nem tão ocultos assim) que você só  é capaz de encontrar em uma sala de aula. O Heitor é do tipo de cara que ainda vê charme em ser professor e por isso conta animadamente por que ama tanto o que faz, queria ser assim em relação ao meu trabalho também. 
De qualquer forma, na metade do segundo mês ele começou a ficar estranho comigo e quando eu perguntava o que tinha acontecido, ele simplesmente fugia do assunto então eu comecei a ficar preocupada com ele e fui 'stalkear' a vida dele no Facebook e ai eu vi que o aniversário dele já tinha passado e eu tinha esquecido mesmo sabendo que ele era, e ainda é, muito sentimental com essas coisas. Na sexta feira daquela semana, fui esperá-lo na porta do apartamento dele com um chapéu de aniversário e um bolo escrito 'desculpas' que eu mesma havia feito. Só que eu não contava que ele tinha reunião na escola até as seis. E que depois ele e alguns outros professores iriam sair para beber.  E muito menos que iria chover em quatro horas o dobro do esperado para aquele mês e que por isso a cidade ficaria toda alagada. Eu esperei o Heitor por oito horas. Sentada em cima do tapete da porta de entrada do apartamento dele. 
Vocês têm noção do que é esperar por alguém durante oito horas sentada no chão? Por pouco eu comi aquele bolo. 
Eu não lembro que horas exatamente o Heitor chegou, eu acho que eu havia cochilado (mas quem não cochilaria no meu lugar?), eu só me lembro de vê-lo todo molhado, abaixando-se a minha altura e levantando os óculos também molhados por conta da chuva e perguntando se era eu mesma.

-Mas é claro que sou eu Heitor, quem mais te esperaria na porta do seu apartamento desde as cinco da tarde? 
-Mas é uma hora da manhã.
-Nossa, eu acho que dormi um pouco aqui, mas e daí?
-Você está aqui depois de todo esse tempo?
-Sempre. 
-Por que? - disse ele se sentando ao meu lado.
-Eu esqueci seu aniversário. Desculpa. Vim te trazer um bolo.
-Não precisava.
-Precisava sim, você ficou magoado.
-Fiquei mesmo.
-Desculpa, eu não fiz por mal.
-Não imaginei que tivesse sido por mal.
-Por que você não me disse?
-Não achei que deveria.
-Deveria sim.
-Então, bolo do que? - disse ele abrindo a caixa que continha o bolo.
-Chocolate.
-Meu favorito.
-Eu sei.
-Você levou mesmo a sério esse negócio de desculpas né?
-Bastante.
-Quer um pedaço? 
-Aqui fora? No chão?
-Você não acha que eu vou entrar no meu apartamento molhado do jeito que estou, acha? Aliás, como você conseguiu entrar aqui?
-Suas vizinhas idosas são bem legais.
-Elas já te conheciam né?
-Exato.
-Aqui Nadine, o primeiro pedaço é seu.
-Obrigada. Feliz aniversário.
-Obrigado.
-Desculpa.
-Tudo bem. É tarde demais para dizer que eu tenho chaves extras escondidas na plantinha? - E nós ficamos lá comendo até o Heitor se julgar um pouco menos molhado para entrar. Eu tentei ir embora, mas ele me fez ficar. Tomei banho e vesti uma camiseta dele. Naquela noite nenhum de nós dois dormimos nem quando paramos de conversar e deitamos. Os dois estavam pensando demais no que 'esquecer' realmente significava. Ele aprendeu que nem sempre esquecer é desamor enquanto eu aprendi que esquecer o aniversário de alguém não é importante se você não se importar com a pessoa. De uma forma bem geral, digamos que os dois aprenderam que o esquecimento é relativo. 


A primeira memória que eu tenho do Heitor é vê-lo sentado no fundo do ônibus lendo '1984' de George Orwell. Ele estava tão fascinado pelo livro que nem quando eu sentei do seu lado ele parou de ler. Não que eu sentando do lado dele fosse um motivo real de distração, mas ele nem ao menos piscou. Comecei a ler por cima do ombro dele e fiquei curiosa. Uns dois dias depois encontrei uma edição econômica na banca que tinha na frente da minha escola e comprei para ler quando tivesse tempo. Comecei a ler no caminho de volta para casa. Desencontrei com ele durante alguns dias e quando voltamos a nos encontrar ele já tinha acabado de ler '1984' e estava lendo o que me parecia ser o "Manifesto Comunista". Por algum motivo lamentei esse desencontro.
Mesmo assim ainda estava curiosa a respeito da história então o li no ônibus durante aquela semana. Na semana seguinte quando apareci sem livro algum e ele também nada no restou a não ser admirar a paisagem e observar as pessoas que entravam no ônibus. Era engraçado por que mesmo que ainda nós não conversássemos ele sempre sentava no mesmo lugar no fundo do ônibus e eu sempre sentava do lado dele. Na primeira vez foi por falta de opção enquanto nas demais foi por opção. O ônibus poderia estar vazio, mas eu sempre me dirigiria até o fundo do lado do universitário de óculos.
Um dia comecei a reparar que ele guardava o lugar para mim mesmo que não houvesse necessidade, não tinha ninguém no horário em que tomávamos o ônibus. Ele deixava a mochila no meu lugar e quando me via se aproximando tirava a mochila e a jogava no chão. Nos cumprimentamos com um discreto sorriso. Não sei o tempo exato que ficamos nessa. Um dia, eu me lembro que chovia naquele dia, de maneira bastante aleatória ele me cutucou e disse:

-Se eu soubesse que você tinha se interessado tanto por '1984' eu teria te emprestado o meu quando acabei de ler. Desculpa, não consigo parar de pensar nisso. Foi um desencontro tão interessante você começar a lê-lo logo depois que eu tinha acabado-o. Você gostou das partes que lia comigo aqui no ônibus então? - eu me lembro de ficar tímida nessa hora e corar como um pimentão.
-Como você sabia que lia ele por cima do seu ombro?
-Bem - disse ele ajeitando os óculos - você literalmente lia por cima do meu ombro. A propósito, seu perfume adocicado é muito bom.
-Ai meu Deus, eu estou tão envergonhada. Mil desculpas. Sério.
-Está tudo bem. Eu sou Heitor - disse ele estendendo a mão.
-Nadine, mas pode me chamar de Nad.
-Eu nunca conheci alguém chamada Nadine.
-Eu nunca conheci alguém chamado Heitor.
-Então Nadine..
-Nad - corrigi.
- Então Nad - disse ele frisando o nome - já ouviu falar do livro 'Revolução dos Bichos'
-É do mesmo cara de '1984' né? 
-Aham. É o máximo. Se você quiser posso te emprestar amanhã ou depois.
-Eu adoraria, mas você vai emprestar seu livro para uma desconhecida? 
-Você não é uma desconhecida, você é a Nadine.

E depois disso vocês já conseguem imaginar o que aconteceu: viramos melhores amigos, passamos a nos encontrar fora do ônibus, paramos de pegar ônibus e essas coisas que acontecem conosco quando vamos ficando mais velhos.  É legal como essa memória está viva, tanto em mim quanto nele, e vira e mexe nos pegamos falando nisso, mas a melhor parte da memória, desta memória em especial, é que ela não ficou enterrada no passado como algo distante, ela ainda é muito viva em nós dois: algumas noites, um pouco antes de irmos dormir, ele encosta na cama lendo algum pedaço aleatório do seu velho exemplar de '1984' enquanto eu leio por cima do ombro dele (só para não perder o hábito, confesso) com a única diferença que hoje ele me envolve com seus braços. 


Vamos falar sobre começos então? Bem, há vários começos que eu posso falar a respeito. Quando se chega a quase trinta anos você já passou por começos e recomeços suficientes para que sua vida vire um filme se alguém colocá-los de maneira organizada, mas como eu jamais vou organizar minha vida simplesmente por que organização não combina comigo, minha vida sempre será esse relato bagunçado que vocês acompanham. 
Dá para acreditar que já fazem quase seis meses que o Heitor e eu começamos a namorar?! Passou voando e foi tão bom. Ele é tão maravilhoso que eu não entendo como não percebi o grande homem que ele era. Sério, se eu tivesse percebido isso eu teria começado a namorar com ele bem antes. Uns dez anos antes. É engraçado como eu nunca tinha notado o Heitor como alguém namorável antes. Ele era, sabe, o bom e velho Heitor. O que eu estou querendo dizer, mas não estou conseguindo por que não levo jeito nenhum em dizer coisas desse tipo de maneira direta, é que eu nunca tinha reparado como o Heitor era gostoso.
Eu estou morrendo de vergonha de dizer isso abertamente em um lugar onde qualquer um possa ler inclusive meu pai ou algum dos alunos dele, mas essa é a verdade: o Heitor é super gostoso e eu incentivaria fortemente qualquer aluna dele a ter uma paixão platônica por ele. O boy é magia. Eu conheço ele desde que tinha uns 17 anos e eu nunca iria imaginar que ele poderia ser tão sexy se ele quisesse. Desde o sorriso até a maneira que ele coloca as mãos sobre o volante. Meu Deus, eu estou tão apaixonada por ele que eu não consigo ver nenhum defeito novo nele. Digo "defeito novo" por que eu já o conhecia antes então eu já sabia como ele era mal humorado de vez em quando (principalmente de manhã) e como ele tinha uma tendência a fazer monólogos sobre assuntos que ele gostava muito, mas eu sei que a tendência é de quando você entra em um relacionamento sério com alguém é você ver outros defeitos nela, mas eu simplesmente não consigo ver mesmo que eu me esforce. Sim, teve uma época em que eu me esforçava para destruir a ideia de que o Heitor era perfeito, mas hoje tudo o que eu quero é abraçar aquele homem e nunca mais soltá-lo.
Estamos em um começo novo no nosso relacionamento, nós estamos indo morar juntos. Na verdade eu estou me mudando para o apartamento dele. O contrato do meu aluguel ia vencer e ele disse que não havia necessidade de pagarmos dois aluguéis uma vez que poderíamos simplesmente dividir o apartamento e os gastos. Não foi o pedido mais romântico do mundo, mas ainda foi um pedido, certo? Certo. E de qualquer forma estamos bem felizes assim.
Estamos aproveitando que ele está com uma brecha nas aulas agora e estamos ajeitando algumas coisas. Queremos fazer tudo juntos e de preferencia antes que ele volte a ter que corrigir trinta provas de um dia para o outro. Eu estou tão apaixonada por ele que se eu me distrair vou achar sexy a maneira que ele corrige provas. Provas de histórias de alunos que acham que Napoleão participou da Revolução Russa não é nem um pouco sexy.
Neste exato momento estou colocando aqueles festões coloridos na nossa árvore de Natal. Energia elétrica custa caro então vamos encher a árvore de festões e um único pisca-pisca. Pois é. Enquanto eu faço isso, ou pelo menos tento, ele está abraçando a minha cintura e beijando meu pescoço. Eu odeio tanto o quanto eu gosto de quando ele faz isso! E assim tem sido o começo da nova fase do nosso relacionamento. Por enquanto está assim e honestamente eu espero que fique assim durante muito tempo.


É tão bom e tão maluco pensar que hoje começa o último mês de 2014. É extremamente gratificante pensar que um ano todinho já se passou, que sobrevivemos a mais um ano, mas é tão estranho pensar em como ele passou e nós nem nos demos conta.
Espero passar tranquilamente no meu exame de matemática que embora eu precise de apenas três pontos, sempre tem aquela chance de alguma coisa dar errado né? Este é o mês da minha formatura! Wow, a escola realmente acabou. Dia 18 tem a colação de grau e dia 20 é o baile e eu não poderia estar mais animada. É tudo tão bonito e eu estou seriamente apaixonada pelo meu vestido. Com certeza vou compartilhar alguma coisa sobre ele com vocês. Outra coisa super legal é o Poem a day que começa hoje então fiquem no aguardo para mais uma historia. Vai ter conto de natal sim! Então esperem ao longo do dia. 
Outra coisa MARAVILHOSA de Dezembro é o Natal. Meu deus, eu sou simplesmente apaixonada pelo natal. Eu tenho uma amiga que me marcou neste vídeo aqui dizendo que eu sou exatamente a menina no vídeo, haha. Acho que também vou ver se falo um pouco sobre natal aqui também.
Só lembrando que sou humana e que eu posso cometer algumas falhas, mas que não é por mal, ok?
Espero que tudo dê certo no final deste ano. E vocês, o que esperam para este final de ano?

Beijos
S.S Sarfati