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Se tem algo que aprendi nessa primeira semana de cursinho é que olheiras são bem vindas e isso parece o tipo de coisa que não faz o minimo de sentido, especialmente uma vez que já foram inventadas tantas técnicas para esconde-las já que são consideradas feias, mas, no cursinho, só na primeira semana de aula pude observar atentamente 50 tons de olheira. Eu entendo o por que dos alunos (especialmente as meninas estudantes para o vestibular de Medicina) gostam de exibi-las: é uma marca que ele/ela estudou tanto até bem tarde da noite e isso faz dele/dela alguém "perigoso" para a concorrência. Uma vez que olheiras são consideradas feias e os alunos exibem as mesmas orgulhosamente, por que não podemos levar isso para vida exibir orgulhosamente nossas feiuras? 
Ninguém posta no Facebook foto quando está feio, ninguém comenta lá o quanto é difícil fechar as contas no final do mês e, principalmente, ninguém diz para os 845 amigos como se sente solitário por que ninguém mais se importa de verdade. Resumindo: todo mundo só gosta de exibir as coisas boas da vida e isso até que faz sentido, especialmente em uma sociedade onde a felicidade é tão palpável e fotografável. 
O conceito de felicidade é ao mesmo tempo que único, bastante abrangente: todo mundo que é feliz, é feliz e ponto, enquanto quem é infeliz é infeliz da sua maneira, pelos seus motivos. Ou seja, a  nossa infelicidade é o que nos torna únicos e uma vez que é a infelicidade que nos torna únicos, por que temos medo de exibi-la? Por que temos tanto medo de sermos únicos?
Ao nos mostrarmos felizes e realizados com as fotos da nossa última viagem estamos exibindo como a nossa vida está boa e embora se analisado cegamente isso pareça fazer muito sentido, se analisado cuidadosamente não vai fazer sentido algum. Fomos ensinados a compartilhar com as pessoas somente coisas boas, porque ninguém gosta de coisas imperfeitas ou quebradas. Ninguém é obrigado a gostar ou lidar com a imperfeição.
Exibir sinais de fraqueza, cansaço e cicatrizes não necessariamente quer dizer que você falhou, só quer dizer que você viveu. Claro que você não precisa compartilhar com todo mundo sempre que alguma coisa dá errado na sua vida, faz bem ter um pouco de privacidade, mas não cobre de si mesmo uma vida sem cicatrizes.

Beijos
S.S Sarfati


Vocês se lembram quando eu dizia que era uma colegial desiludida? Então, agora eu sou uma vestibulanda desiludida. Ontem, dia 23, começaram as aulas no cursinho e eu estava lá, firme e forte para lapidar tudo o que aprendi nos últimos três anos.
É estranho ir para outra escola que não a minha antiga, foram cinco anos indo todos os dias para o mesmo lugar. Agora acordo às 6h10 e a aula começa às 7h, tenho que chegar cedo para pegar lugar na frente e tenho que estudar a tarde, nunca fui de fazer isso. Estou querendo estudar cerca de 4 horas por dia além da aula regular, espero que seja o suficiente. Espero que eu consiga focar o suficiente e que eu consiga administrar meu tempo (acabaram sonecas que duravam a tarde toda :/) durante este ano todo. 
É difícil se acostumar com uma rotina tão diferente em tão pouco tempo, mas acho que consigo. Eu vou ter que conseguir. Nesses dois dias até que consegui estudar um pouco, ainda não consegui chegar nas 4 horas diárias, mas estou no caminho certo. Pelo menos é isso que acho que devo pensar. 
Daqui para frente talvez eu dê uma sumida, mas acho que vocês entendem isso. Vou comentar aqui algumas coisas de cursinho também, acho uma experiencia muito grande para não ser compartilhada, mas, ao contrário do que pode parecer, não vou me tornar uma vestibulando desiludida, uma parte de mim sempre será uma colegial desiludida

Beijos
S.S Sarfati

party hard

O que aconteceu com aquela menina que você conheceu? Aquela menina que era extrovertida, desinibida, alegre, encantadora e, acima de tudo, extremamente feliz. Aquela menina que falava alto sem nenhuma vergonha, que abraçava os amigos, posava para todas as fotos, dava um sorriso largo e sincero para todos sem nenhum motivo. Onde foi parar aquela menina fantástica pela qual você se encantou?
Era uma festa, mas ela não estava alcoolizada. Ela não gritava para ser ouvida por cima da música alta, ela chegava perto para ser escutada. Ela não tentou lutar contra o seu sapato que machucava, ela só se livrou dele. Ela não se importou como poderia estar seu cabelo ou sua maquiagem no final da festa, ela sabia que cabelo despenteado e maquiagem borrada era apenas uma consequência da sua animação. Ela não estava interessada em saber se os desconhecidos iriam gostar dela, não tinha ninguém que ela precisasse ou quisesse agradar. Ela não precisava fingir que não gostava de se acabar com a música, ela se acabava e pronto. Cadê aquela garota que eu fui durante uma única noite? Por que eu tenho que ser como uma Cinderela moderna e perder o encanto depois que a noite acabou? Por que tínhamos que nos conhecer justo quando eu estava em um momento tão 'incomum'? 
Eu nunca mais voltei a ser aquela garota, nunca mais a encontrei. Talvez eu não tenha procurado direito, talvez eu esteja apenas brigando com a minha natureza tediosa. Talvez a rotina destrua esse meu lado 'incomum' para que eu entre nos eixos e faça tudo como deve ser feito. 
Eu só me lembro de estar me sentindo tão fantástica aquela noite que até eu teria me apaixonado por aquela moça de blusa azul e laço no cabelo. Como se eu não fosse aquela moça de blusa azul e laço no cabelo, como se houvesse uma necessidade real de me referir a mim mesma na terceira pessoa. 
É fato que aquela moça sou eu, mas por que ela parece tão distante de mim enquanto você parece estar cada vez mais próximo? Aquela moça não sou eu. Quero dizer, até pode ser, mas eu extremamente fora do meu comum. Que péssima noite para encontrar com alguém novo! Você não sabe como eu sou normalmente: nem passa pela sua cabeça eu ser alguém que se irrita fácil, mal humorada e parcialmente egoísta quando não me importo de verdade com alguma coisa ou alguém.
Por que eu perdi aquela pessoa que eu fui? Por que eu fui aquela pessoa, mesmo que por uma noite apenas, eu ainda sou aquela pessoa. De algum jeito confuso, mas ainda sou. Não falo por você, meu objetivo não é te agradar, mas sim me agradar e, talvez, agradar alguém algum dia. Aquela pessoa me agradou muito. Eu quero ser aquela pessoa. Eu preciso me convencer que, antes de tudo, eu sou  aquela pessoa. E que não tem por que eu falar na terceira pessoa.

Beijos
S. S Sarfati


Ele tinha um olhar e que olhar ele tinha! Ele era tão acidentalmente charmoso que chegava a ser perigoso. Mas não perigoso em um sentido comum, perigoso por não ser realmente perigoso. Ele era uma boa pessoa, tão boa que um perigo adorável ardia em seus olhos. Chegava a ser estranho olhar para ele durante muito tempo.
"Alto e com ombros largos" era assim que ele podia ser descrito por um desconhecido, mas não por ela. De acordo com sua visão ele sempre seria alguém com algum aspecto diferente e único. Por mais que ele parecesse ordinário por fora, ele era fabuloso por dentro e a única pessoa que via isso era ela. Ao se olhar no espelho de manhã certamente ele se via como mais um entre tantos rapazes altos e com ombros largos. Só para ela que ele era "o" cara alto e com ombros largos. Não que ela estivesse apaixonada por ele, não era de cometer tal tolice, mas ele a encantava de mil maneiras diferentes todos os dias.
Numa dessas vezes que ela havia se perdido ao se encontrar olhando para ele, notou que havia uma pequena falha na sua sobrancelha. Aquela falha por sua vez não simbolizava nada além de um erro da natureza naquele corpo de menino bom. Talvez se alguns aspectos mais rudes da sua natureza fossem despertados por alguma razão, aquela mesma falha poderia ser o simbolo de uma personalidade ardente e perigosa. Nunca se sabe.
Ela gostava do seu olhar e ela gostava de olhar para ele e gostava mais ainda quando ele olhava de volta e principalmente quando ele sorria enquanto olhava de volta e ela sorria para ele por educação, é claro. Do jeito que ela olhava para ele qualquer dia ele iria pensar que tinha uma admiradora nem tão secreta assim e ele podia até puxar conversa com ela e ela não tinha certeza se queria conversar com ele. Se queria de fato escutar a voz dele e escutar o que ele tinha a dizer e cair no risco de descobrir que ele era um cara chata com um hobby chato como vinhos. Saber falar de vinhos é algo muito tedioso se não é você que está falando. Ninguém se importa se você é um sommelier, todos só querem beber um bom vinho sem escutar grandes explicações.
A grande questão a respeito de olhar as pessoas é que se você observa a mesma pessoa durante um longo período de tempo, você passa a conhece-la, a estudar seus hábitos e entender seus motivos e ou a pessoa é verdadeiramente interessante ou o encantamento acaba. Você conhece os defeitos e precisa aprender a amá-los ou deixá-los. Nem sempre a pessoa é interessante e nem sempre é fácil deixá-la ir. Você acaba se apegando a alguma coisa ruim por medo não se apegar a nada. Pelo medo de sofrer, você sofre.

Beijos
S.S Sarfati


Eu meio que gosto das fotos que cobrem uma parte do meu rosto :S
                          

Hoje eu faço 18 anos. Uau, passou rápido. Que saudades dos anos que não voltam e que ansiedade pelos anos que parecem nunca chegarem. Eu poderia fazer um texto nostálgico sobre tudo o que estou sentindo, mas acho desnecessário fazer isso hoje. Por isso vou fazer uma lista coma as minhas 18 metas para a vida. Não vou colocar um "prazo" para cumprir todas elas, não acredito em "prazos" para esse tipo de coisa e por que acho que minha cabeça pode mudar muito até lá, mas considere que elas visam até, mais ou menos, por volta dos 40 anos. Ah, separei as metas pessoais das metas profissionais por que acho que eu seria capaz de falar 16 metas profissionais e apenas 2 metas pessoais. Acontece, eu sei, mas não quero ser do tipo de pessoa que acaba escolhendo qual vida quer ter e eu quero ter as duas, sem escolhas. 

Metas Profissionais
  1. Entrar (e sair) de uma boa faculdade pública (Letras);
  2.  Fazer Mestrado e Doutorado e portanto ter o título de "Professora Doutora";
  3. Ser professora tanto de Ensino Médio como de Ensino Superior;
  4. Fazer mais do que uma faculdade;
  5. Estudar cinema (principalmente roteiro e direção);
  6. Aprender francês;
  7.  Aprender um outro idioma;
  8. Estudar Psicologia;
  9. Me estabelecer como escritora (não significa que eu vá parar minha vida só para isso);
  10. Escrever uma distopia;
  11. Escrever um romance histórico;
  12. Colocar em prática algum dos projetos conceituais que eu tenho na minha cabeça;
  13. Escrever o roteiro de um filme;
  14. Escrever o roteiro de uma peça;
  15. Dirigir ambos ou pelo menos um dos dois;
  16. Ver minhas ideias espalhadas por aí;
  17. Ver meus livros traduzidos para vários idiomas;
  18. Escrever um livro baseado em alguma experiência pessoal;
Metas Pessoais
  1. Conhecer os países que eu sempre quis;
  2. Conhecer alguns países de surpresa; 
  3. Morar um ano na França;
  4. Estudar algo interessante fora do país;
  5. Morar em uma cidade brasileira totalmente diferente da que eu moro hoje (tipo Florianópolis);
  6. Morar um tempo no meu próprio apartamento;
  7. Casar;
  8. Ter filhos;
  9. Me mudar para uma casa em um condomínio quando eu tiver filhos;
  10. Ter sempre tempo para os filhos;
  11. Não ser tão medrosa;
  12. Conhecer mais pessoas que combinem comigo;
  13. Ser quem eu quero ser;
  14. Não ser tão medrosa;
  15. Viver uma história de amor;
  16. Não perder contato com as pessoas que eu gosto, mas que por algum motivo estão longe: hoje temos a internet;
  17. Gostar de fazer exercícios físicos;
  18. Aprender a cozinhar (direito);


Espero que tenham gostado, acho que embora tenha sido muito mais fácil pensar nas metas profissionais, acho que as que eu mais sonho são as metas pessoais, haha.
Feliz aniversário para mim!
Beijos
S.S Sarfati

"De onde você veio? Do planeta dos perdedores?" "Do oposto do planeta 'olhe para mim', 'olhe para mim'"

Há um conceito bastante interessante sobre homogeneização da sociedade que diz que com a globalização no ritmo frenético atual ela está fazendo a sociedade global ficar cada vez mais igual, que há cada vez menos diferenças entre a sociedade brasileira e a sociedade americana, que há cada vez menos culturas e idiomas e tudo isso  por que as demais sociedades estão se curvando diante de uma. De forma geral a sociedade está ficando cada vez mais igual e com pessoas cada vez menos diferentes.
A grosso modo pode-se dizer que uma pessoa igual é uma que segue determinado padrão, o padrão "normal". Que padrão? Imposto por quem? Não há uma conta no Twitter ou no Facebook que dizem exatamente como deve-se ser ou deve-se agir, pelo menos não diretamente. É possível dizer que agir ou não agir de determinada maneira faz parte de um inconsciente coletivo e o que não está "escrito" nesse inconsciente é visto como "estranho".
O conceito de normalidade é muito tênue: o que é "normal" para um, não é para outro. No filme "10 Coisas Que Eu Odeio Em Você" a Kath é apresentada a nós como a irmã "estranha" enquanto sua irmã, Bianca, é a irmã "normal" e todo mundo, inclusive o pai das meninas,  parece concordar com essa definição até que em uma conversa com Kath, Patrick diz não entender por que todos gostam da irmã dela e que ele acha Bianca vazia. Com essa fala ele deixa bem claro que, na concepção dele, a estranha é a Bianca e não a Kath. O mais interessante é que, para o resto das pessoas, Patrick também é considerado "estranho" e Kath discorda disso e provavelmente por isso que os dois acabam juntos no final do filme: não por serem dois "estranhos", mas por terem concepções de mundo parecidas.
"Estranho" ou "normal" é apenas uma questão de concepção de mundo e a grande questão é que cada vez mais pessoas têm a mesma concepção de mundo e por isso esses termos têm se tornado tão abrangentes. Alguns hábitos enquanto inseridos em um macro-contexto são visto com estranheza devido a falta de naturalidade que as pessoas têm com determinados hábitos enquanto no micro-contexto estão todos bastante familiarizados com tais hábitos. Muitas vezes confundem-se a palavra "normal" pela palavra "natural", o que é natural sempre será mais normal do que o que não é natural. Nada é totalmente "normal" ou totalmente "estranho", as coisas simplesmente são, sem essa necessidade gritante de rotular. 


Beijos
S.S Sarfati

PS1: Eu também acho a Bianca muito mais estranha que a Kath.
PS2:É interessante como alguns pontos de vista não mudam: escrevi este texto em 2013 onde eu disse praticamente a mesma coisa que este texto que acabei de escrever!


Não me lembro de ter ficado tão atônita após assistir um filme como fiquei na noite em que assisti "Fahrenheit 451". Eu não conseguia pensar ou falar sobre nada depois, o filme havia pego em uma parte de mim muito maior do que eu esperava. A reflexão que fizemos sobre o filme depois foi algo muito interessante também. Fascinante para ser exata. Eu fico grata por ter assistido um dos meus filmes favoritos pela primeira tão nova e inserida em um contexto tão interessante. 
 ***
"Fahrenheit 451" é originalmente um filme distópico que mostra um futuro caótico onde um governo totalitário controla todos pela manipulação midiática e esta sociedade por sua vez é completamente viciada em medicamentos e há uma presença onipresente da telefonia. Nessa visão de sociedade caótica há muitos elementos que são extremamente comuns na sociedade em que vivemos e ai é que está o problema. A distopia é hoje. Nós vivemos em uma verdadeira distopia e não estamos vendo problema nisso. E este é só um dos vários aspectos maravilhosos deste filme.
O filme François Truffaut verdadeiramente chama atenção por retratar uma sociedade em que qualquer tipo de leitura é proibida é a função dos bombeiros é de destruir livros, queimá-los. E estava indo tudo bem na vida de Montag até que ele tem uma epifania ao ver uma mulher preferir ser queimada viva com seus livros do que deixa-los para trás. Ele passa a se questionar e questionar a sociedade em que vive e seu maior ato de rebeldia é ler. Uma boa parte do filme gira em torno do 'renascimento' de Montag, do despertar intelectual de Montag. 
Pode parecer absurdo ao nossos olhos sermos proibidos de ler, mas embora não haja uma proibição ou bombeiros que queimam livros há uma pressão social para que leia-se cada vez menos e livros piores. Quantas vezes já não foi dito, exclamado na televisão ou em qualquer meio de comunicação que as pessoas estão lendo cada vez menos? Quanto já não foi reduzido os textos jornalísticos para que eles fossem realmente lidos? 
É um filme memorável e não apenas devido as questões que ele levanta, mas por ser o único filme  em inglês de Truffaut (francês). São características muito repudiadas por nós quando são colocadas sob uma perspectiva mais distante, como eu um filme, mas extremamente bem aceitas quando inseridas em nossas rotinas. Se você é um amante da leitura, assista a este filme. Se você é um amante do cinema, assista a este filme. Se você quer apenas ser provocado a pensar um pouco fora da caixa, assista a este filme. Em qualquer caso assista a este filme.


Cara, isso foi muito estranho. Muito estranho mesmo. Eu sabia exatamente para onde eu deveria ir, mas não fazia ideia do que fazer lá ou por que eu estava indo lá. Eu estava sendo uma boa filha e estava voltando para casa.
Talvez a "casa" não seja apenas um lugar físico, mas um lugar sentimental onde nos sentimos bem e eu me sentia bem pra caramba lá. Eu fiquei cinco anos lá e só fui perceber o quanto eu gostava de lá quase no final do segundo ano. Era gostoso ir para lá até mesmo para encarar aquelas coisas que eu não gostava mais.
Senti falta da rotina, do uniforme, da responsabilidade e da animação. Claro que fique animada, mas de um jeito muito diferente. Eu não estava curiosa, eu estava assustada. É estranho saber que agora estou por minha conta nesse mundo gigante e até o pré-vestibular estou sem uma "casa" - isso por que nem sei se vou conseguir considerar lá uma casa. 
Aquela conversa rápida que tive com alguns professores aliviou minha saudades e minhas angústias me dando aquela falsa sensação de que nada tinha mudado e que tudo estava exatamente da maneira que eu tinha deixado em Dezembro. Todo ano foi assim, por que não poderia ser de novo? 
Mesmo indo sem uniforme lá eu sempre serei aluna. Ninguém lá espera que eu domine um determinado assunto ou que eu não cometa erros. Eu posso apenas existir, sem cobranças. 
Agora, no mundo lá fora, estou completamente por mim mesma e isso é estranho. Claro que sempre posso chorar se algo for demais para mim, mas não que isso seja visto com bons olhos. Acontece, mas deve ser evitado a qualquer custo.
Estou apenas profundamente tocada com essa mudança de vida e principalmente de perspectiva. Eu vou ter que aprender a lidar com um mundo completamente novo sendo que eu nunca aprendi a lidar com o velho, mas será que algum dia eu realmente vou aprender? 


Beijos
S.S Sarfati


Hoje é primeiro de fevereiro e eu estou a exatos nove dias do meu aniversário de dezoito anos. Passou rápido demais, admito. Quando eu tinha uns oito anos, lá em 2005, eu me dei conta que dali dez anos eu faria dezoito anos e percebi o quanto demoraria. Demorou, mas mesmo assim passou rápido. São dezoito anos de vida, finalmente vão julgar que vivi o suficiente para poder me decidir sozinha. Será que posso mesmo me decidir? 
É quase meia noite e amanhã é a primeira segunda feira de Fevereiro. Amanhã é a primeira segunda feira de Fevereiro que eu não vou para a escola. É um dia como qualquer outro. Na escola onde me formei há a tradição dos alunos que se formaram irem lá no primeiro dia de aula e preencherem o vazio que ficou com a graduação. É irônico como as saudades aumentam agora que eu sei nada daquilo vai voltar.
Dia vinte três, a primeira segunda feira depois do carnaval, eu começo o pré-vestibular. Sim, eu disse lá em cima que passei na faculdade federal, mas é uma decisão muito séria e eu não me sinto capaz de tomá-la agora. Sei que quero dar aula, fazer mestrado e doutorado, mas eu preciso de planos mais específicos do que apenas esses. Acho que vai ser bom ter esse tempo.
Para Fevereiro não espero muita coisa, só espero lidar bem com todas as mudanças que vão ocorrer na minha vida. Espero fazer justiça aos dezoito anos que vou fazer e espero acertar o caminho dessa vez.

Beijos
S.S Sarfati