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party hard

O que aconteceu com aquela menina que você conheceu? Aquela menina que era extrovertida, desinibida, alegre, encantadora e, acima de tudo, extremamente feliz. Aquela menina que falava alto sem nenhuma vergonha, que abraçava os amigos, posava para todas as fotos, dava um sorriso largo e sincero para todos sem nenhum motivo. Onde foi parar aquela menina fantástica pela qual você se encantou?
Era uma festa, mas ela não estava alcoolizada. Ela não gritava para ser ouvida por cima da música alta, ela chegava perto para ser escutada. Ela não tentou lutar contra o seu sapato que machucava, ela só se livrou dele. Ela não se importou como poderia estar seu cabelo ou sua maquiagem no final da festa, ela sabia que cabelo despenteado e maquiagem borrada era apenas uma consequência da sua animação. Ela não estava interessada em saber se os desconhecidos iriam gostar dela, não tinha ninguém que ela precisasse ou quisesse agradar. Ela não precisava fingir que não gostava de se acabar com a música, ela se acabava e pronto. Cadê aquela garota que eu fui durante uma única noite? Por que eu tenho que ser como uma Cinderela moderna e perder o encanto depois que a noite acabou? Por que tínhamos que nos conhecer justo quando eu estava em um momento tão 'incomum'? 
Eu nunca mais voltei a ser aquela garota, nunca mais a encontrei. Talvez eu não tenha procurado direito, talvez eu esteja apenas brigando com a minha natureza tediosa. Talvez a rotina destrua esse meu lado 'incomum' para que eu entre nos eixos e faça tudo como deve ser feito. 
Eu só me lembro de estar me sentindo tão fantástica aquela noite que até eu teria me apaixonado por aquela moça de blusa azul e laço no cabelo. Como se eu não fosse aquela moça de blusa azul e laço no cabelo, como se houvesse uma necessidade real de me referir a mim mesma na terceira pessoa. 
É fato que aquela moça sou eu, mas por que ela parece tão distante de mim enquanto você parece estar cada vez mais próximo? Aquela moça não sou eu. Quero dizer, até pode ser, mas eu extremamente fora do meu comum. Que péssima noite para encontrar com alguém novo! Você não sabe como eu sou normalmente: nem passa pela sua cabeça eu ser alguém que se irrita fácil, mal humorada e parcialmente egoísta quando não me importo de verdade com alguma coisa ou alguém.
Por que eu perdi aquela pessoa que eu fui? Por que eu fui aquela pessoa, mesmo que por uma noite apenas, eu ainda sou aquela pessoa. De algum jeito confuso, mas ainda sou. Não falo por você, meu objetivo não é te agradar, mas sim me agradar e, talvez, agradar alguém algum dia. Aquela pessoa me agradou muito. Eu quero ser aquela pessoa. Eu preciso me convencer que, antes de tudo, eu sou  aquela pessoa. E que não tem por que eu falar na terceira pessoa.

Beijos
S. S Sarfati

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