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Basicamente se você não vive em Marte e tem  acesso a mídia, seja jornal, revista, internet ou televisão, já deve ter reparado que tem épocas em que acontece uma espécie de avalanche midiático em que todos os veículos começam não apenas a falar sobre alguém específico, mas o tempo todo como se eles quisessem colocar determinada ideia na nossa garganta e nos fazer engolir a tal pessoa. Assemelha-se muito a um remédio que uma criança precisa tomar mesmo não querendo - com a maior diferença que o remédio melhora alguma coisa e isso só faz as assessorias pagarem muito dinheiro aos jornalistas enquanto eles tratam o seu público como idiota.
De épocas em épocas os jornalistas e demais responsáveis pelas matérias dos principais veículos de informação elegem novas queridinhas e durante este período tudo gira em torno delas. Não importa que tipo de mídia estamos falando, desde a falada até mesmo a escrita e assistida: tudo gira em torno de meia dúzia de escolhidas.
Claro que não estamos falando de matérias sérias e imparciais, estamos falando de fofocas, matérias superficiais e inúteis. O jornalista, na teoria, deve escolher suas pautas pensando no que é utilidade pública, no que pode ajudar as pessoas, o que vai mudar a vida delas. Matérias dizendo que o ovo não é tão vilão quanto se pensava antes ajudou muita gente, matérias sobre o estilo da de Demi Lovato não. Isto é matéria de nicho, isso é importante só para os fãs dela, para quem acompanha a carreira dela, para quem se interessa por moda talvez, mas está longe de ser utilidade pública.
 O problema é que atualmente o Jornalismo tem produzido matérias cada vez mais rasas tanto por preguiça do jornalista de apurar o necessário, como falta de tempo para realizar a apuração, uma vez que no início dos anos de 1990 o Jornalismo passou por uma grande reforma e houve demissões em massa que afetam a profissão até hoje, o jornalista que está empregado hoje muitas vezes está saturado e sem tempo de apurar direito para todas as matérias que ele está fazendo. Além disso, o que pessoalmente mais me preocupa é a falta de liberdade do jornalista de escrever o que é de fato de interesse público submetido a interesses financeiros e políticos de gente muito maior e mais poderosa do que ele, um mero jornalista. O livro da década de 1980, O Que É Jornalismo?, de Clóvis Rossi  já dizia algo que ainda que ele tenha dito sobre uma realidade de 30 anos atrás é extremamente atual: "há liberdade de impressa, mas não há liberdade de empresa".
Nós como consumidores da mídia estamos cada vez mais induzidos a consumir um conteúdo irrelevante, alienante e desnecessário. Nos tornamos reféns do que assessorias de imprensa querem que nós gostemos, do que políticos milionários querem que a gente esqueça e nós parecemos consumir tudo isso de bom grado ao não ter nenhum filtro, nenhum olhar crítico do que a gente vê por aí como trend topic. Senso crítico nunca foi tão necessário - e nunca esteve tão em falta.


E você, o que acha de tudo isso? Me conta :)
Beijos
S. S Sarfati

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